Andreza Matais

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Reportagem

Parecer da Petrobras respalda posição de Lula sobre represar dividendos

O vazamento da nota técnica que orientou os votos do conselho de administração da Petrobras no caso dos dividendos jogou mais lenha na fogueira da crise interna. Três dias após o presidente Lula (PT) reunir os atores envolvidos e pedir que parem com as disputas internas, vem a público um parecer sigiloso que apontou riscos no pagamento de parte dos dividendos extraordinários, posição defendida pelo presidente da companhia, Jean Paul Prates.

Elaborado pela área técnica da Petrobras, o parecer agora revelado respalda a posição de Lula pelo não pagamento dos dividendos. O documento não indica qual caminho tomar, mas aponta as consequências para três cenários: pagar integralmente, parcialmente ou não pagar.

O teor do documento confidencial foi divulgado pela colunista Malu Gaspar, de O Globo, e confirmado pela coluna. Conforme apuração do UOL, Lula orientou os conselheiros do governo a votarem contra o pagamento, o que gerou acusações de interferência política na companhia. Foram seis votos nesse sentido: cinco dos conselheiros indicados pelo governo e um do representante dos empregados.

Prates se absteve, mesmo admitindo hoje (14), por meio do X (antigo Twitter), que Lula orientou a votação contra o pagamento. Horas antes da reunião com Lula, na segunda (11), o CEO disse exatamente o oposto à GloboNews: que o presidente não havia se posicionado.

O relatório

O relatório técnico, segundo apurou a coluna, informou ao conselho de administração que:

Pagar os dividendos comprometeria o grau de confiança da Petrobras (o que não significa que o valor não poderia ser pago, uma vez há dinheiro em caixa para isso).

Não pagar os dividendos manteria o grau de confiança alto.

A área técnica ponderou, contudo, que nesse último caso poderia haver uma frustração do mercado porque havia uma expectativa de pagamento. Por essa razão, sugeriu a forma como se deveria comunicar ao mercado uma decisão nesse sentido para suavizar a frustração de expectativa.

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Recomendou citar o cenário externo, a guerra na Ucrânia, o preço do dólar, informar que há um plano de investimento e que havia previsão de pagamento no futuro.

Segundo apurou a coluna, o objetivo era dizer ao mercado: "Não se assustem, temos razões para fazer isso". Mesmo assim, a escolha pelo não pagamento provocou desvalorização das ações da companhia equivalente a R$ 55,3 bilhões.

Segundo o jornal Valor Econômico, Lula disse aos ministros que não tinha conhecimento de que haveria impacto.

Racha no conselho da Petrobras

O vazamento da nota ocorre no mesmo dia em que o presidente da Petrobras admitiu nas redes sociais que Lula se posicionou nesse tema interno da empresa.

A Petrobras está dividida entre os grupos dos ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Rui Costa (Casa Civil) de um lado, e do presidente da Petrobras e do ministro Fernando Haddad (Fazenda) de outro.

Foi o suficiente para alimentar especulações.

O post de Prates foi lido pelo grupo adversário como uma forma de dizer que o conselho que votou com a posição do presidente Lula é uma "marionete" do governo na empresa.

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Já a turma de Prates diz que ele apenas reconheceu algo que o próprio Lula disse publicamente —o que precisava ser feito já que negou o fato em entrevista na segunda—, além de dirimir as críticas de que houve interferência política na companhia.

Em entrevista ao SBT, na segunda passada, Lula defendeu a decisão de não pagar dividendos extraordinários e afirmou que teve "uma conversa séria aqui, com o governo, com a direção da Petrobras, porque a gente acha que é importante a gente pensar na Petrobras, é preciso pensar nos acionistas, mas é preciso pensar no povo brasileiro".

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