Topo

Camilo Vannuchi

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Além de Paulo Freire, quem mais será ministro do Lula?

O educador Paulo Freire morreu em 1997 - Divulgação/Itaú Cultural
O educador Paulo Freire morreu em 1997 Imagem: Divulgação/Itaú Cultural

Colunista do UOL

10/11/2022 04h00Atualizada em 10/11/2022 15h22

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Num dos melhores memes produzidos desde a vitória do Lula, bolsonaristas enlutados enumeram algumas das catástrofes que preveem para os próximos anos. Entre elas, banheiros mistos nas escolas, empregadas domésticas de volta aos aeroportos e, tragédia maior, Paulo Freire como ministro da Educação. Um absurdo!

Publicada como chiste, a menção ao educador pernambucano, morto em 1997, talvez seja a melhor tradução da desordem social que nos afeta, do surto coletivo que ainda une parte significativa da sociedade (vai passar!).

Pensador brasileiro mais citado em trabalhos acadêmicos no mundo, Paulo Freire talvez não fosse a melhor alternativa de Lula. Aos 101 anos de idade, ele talvez já não gozasse da energia dos 30 e do tesão dos 20 e preferisse declinar do convite. Não fosse o detalhe da idade - tampouco o detalhe de já estar morto - difícil pensar em um nome mais apropriado para o imenso desafio de superar o notável atraso da educação brasileira nos últimos anos, sobretudo em razão da pandemia: uma defasagem de aprendizado que pode levar mais de um decênio para ser minimizada e comprometer o desenvolvimento cognitivo e intelectual de toda uma geração.

A julgar pelo pouco que se sabe da composição do grupo de trabalho dedicado à transição na área da Educação, aliás, com sub-representação dos institutos e universidades federais e hegemonia de entidades privadas de ensino como apontou a coluna de Rodrigo Ratier, a falta que Paulo Freire faz pode ser imensurável.

Se depender de mim, é Paulo Freire à frente da pasta e não se fala mais nisso.

E o resto do time? Na Cultura, transformada novamente em ministério, alguém do porte de Antônio Cândido ou Darcy Ribeiro, que tal? Ou o também pernambucano Mario Pedrosa? Lélia Abramo fará bonito no cargo. Ruth de Souza, Milton Gonçalves... Mas como só pode nomear um, fico com o Serginho Mamberti. Raios e trovões!

No Esporte, Sócrates, sem sombra de dúvidas. Da Democracia Corintiana para a Esplanada dos Ministérios. Se ainda houver algum corintiano bolsonarista a esta altura do campeonato, que seja o suficiente para fazê-lo virar casaca.

Na Saúde, pode anotar: David Capistrano. E chama logo o Lancetti para secretário executivo e o Carlini para presidente da Anvisa.

Na Justiça, diz para o Lewandowski esperar mais alguns anos. Agora é a vez do Sig. E, se ele vier com conversa mole dizendo que não aceita, chama a Luiza aqui e pede para ela explicar para o pai que essa é daquelas ondas que não dá para pular: é preciso furar.

E bora dar um mergulhão.

E o Dalmo? Bem, esse vai para o topo da lista de indicações para o Supremo.

Quem mais? Marco Aurélio Garcia nas Relações Internacionais. Celso Furtado na Economia. Florestan Fernandes na Cidadania. Ana Maria Primavesi na Agricultura. Marielle Franco nos Direitos Humanos. Lélia González ou Abdias do Nascimento na Igualdade Racial. Chico Mendes no Meio Ambiente. Rose Marie Muraro na pasta das Mulheres.

Jacó Bittar pode assumir a pasta da Indústria. Ou o José Alencar. Fica faltando encontrar um ministério para o Gushiken e outro para o Plínio.

E traz de volta o Ministério Extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome e nomeia o Josué de Castro. Se ele declinar, o Betinho.

A propósito, soube que o presidente eleito decidiu criar o Ministério da Igualdade Social. E não é que eu conheço a pessoa certa para ocupá-lo? Seu nome é Diogo de Sant'Ana. Sangue novo para dar uma chacoalhada nas estruturas. Com picanha, cerveja e samba de roda. Porque a alegria, meus caros, é uma responsabilidade política. Feliz 2023!