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Carla Araújo

REPORTAGEM

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Forças Armadas recusaram convite para reunião de Bolsonaro com embaixadores

Do UOL, em Brasília

19/07/2022 21h00Atualizada em 20/07/2022 17h56

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Os comandantes do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, da Marinha, almirante-de-esquadra Almir Garnier Santos, e da Aeronáutica, tenente-brigadeiro-do-ar Carlos de Almeida Baptista Junior, foram convidados para participar da reunião do presidente Jair Bolsonaro (PL) com embaixadores, no Palácio da Alvorada, nesta segunda-feira. Nenhum dos três, no entanto, compareceu.

Após a publicação da reportagem, a assessoria do Comandante da Marinha entrou em contato para esclarecer que "convite do Presidente da República não se recusa" e informar que Garnier não foi convidado.

Militares da ativa e da reserva ouvidos pela coluna afirmaram que a ausência dos comandantes teria uma sinalização: as Forças Armadas não querem se atrelar institucionalmente ao discurso de Bolsonaro.

Apesar de admitirem que o presidente tem usado a imagem dos militares, principalmente do Exército, para passar a ideia de chancela às suas acusações infundadas de fraudes no sistema eleitoral, a orientação na caserna é tentar manter distância do embate político eleitoral.

A postura do ministro da Defesa, Paulo Sergio, que antes de assumir uma cadeira no governo ocupava o posto de comandante do Exército, tem sido vista com cautela pelo generalato. Na avaliação de um general da ativa, é como se Paulo Sergio tivesse "mudado de emprego".

Apesar disso, por mais que agora ele esteja atuando conforme as vontades de Bolsonaro, ele sabe que as Forças Armadas são instituições de Estado, e não de um governo.

O que se diz nos quarteis é que o próximo presidente da República, eleito em outubro dentro da normalidade democrática, terá a continência das tropas. Seja Bolsonaro, Lula ou quem sair vitorioso pelo sistema de votação eletrônico.

Paulo Sergio 'evitou vexame'

Paulo Sergio estava preparado para fazer uma apresentação aos embaixadores na reunião de ontem. O ministro foi ao Alvorada com o mesmo power point que levou ao Senado, na semana passada.

Fontes da Defesa negam que tenha havido mudança de planos e dizem que o ministro "só falaria se fosse chamado por Bolsonaro, para complementar alguma informação" e que na hora consideraram que não seria necessário, já que Bolsonaro fez uma explanação de 45 minutos.

Generais consideraram como positivo o fato de Paulo Sergio não conseguir fazer a apresentação. A avaliação feita por um militar de alta patente à coluna foi a de que "ninguém merece ficar atrelado a uma vergonha internacional".

Outros generais da reserva, que também acharam positivo Paulo Sérgio não ter feito a apresentação, destacaram a repercussão negativa de diversas entidades, inclusive internacionalmente, em relação à reunião. "A gente não quer participar deste vexame", resumiu um oficial.