Haddad nega desidratação no pacote e que impacto das mudanças é de R$ 1 bi
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira (20) que não considera que o pacote de medidas econômicas - aprovado nesta semana pelo Congresso - tenha sido desidratado.
"Fala-se de desidratação, mas se esperava uma hidratação, que não houve. Os ajustes que foram feitos de redação não afetam o resultado, mantém na mesma ordem de grandeza os valores que foram enviados pelo Executivo", disse, em café com jornalistas. "Eu diria que o Congresso atendeu dentro das suas próprias possibilidades, porque nós estamos numa democracia, né. Vocês têm que entender isso."
Impacto dos cortes
Segundo Haddad, o ministério vai divulgar ainda hoje uma planilha de todos os impactos, mas a conta mostra que se perdeu cerca de R$ 1 bilhão dos R$ 71,9 bilhões esperados em dois anos.
Apesar disso, a derrubada das alterações no Fundo Constitucional do Distrito Federal deve ter um impacto de cerca de R$ 2 bilhões. "A planilha tem perdas e ganhos", diz.
Haddad afirmou que as medidas econômicas tratam de pontos sensíveis, "inclusive do ponto de vista de opinião pública", mas o resultado do que foi aprovado no Congresso "vai de encontro das pretensões da área econômica".
O ministro disse ainda que a opção de mandar uma parte de medidas para aprovar esse ano foi considerada melhor do que deixar um pacote mais robusto para o ano que vem. "Ia gerar mais incerteza", disse, acrescentando que se fosse aguardar para enviar um pacote mais polpudo o risco de não aprovar esse ano seria grande.
Haddad disse ainda que o objetivo da Fazenda é tornar essa revisão das contas públicas uma rotina. "A medida que governo atinge consenso em relação a uma medida, ela já pode ser mandada ao Congresso".
Dificuldade na articulação e reforma ministerial
O ministro fez questão de agradecer o empenho dos presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco pelo esforço concentrado nesta semana. E evitou críticas diretas na articulação do governo.
Segundo ele, "todo apoio a Fazenda é necessário" e o que importa "é o resultado".
Haddad citou o ministro da Secretaria das relações Institucionais, Alexandre Padilha, e disse que se dá "muito bem com ele". Questionado sobre a atuação de Rui Costa, ministro da Casa Civil, Haddad disse que "não sabe se Rui participou da articulação política" para a aprovação do pacote.
"Eu me dou muito bem com Padilha, as coisas fluem bem", disse, ressaltando que tem o hábito de conversar com muitos líderes.
O ministro evitou respostas sobre uma provável reforma ministerial que Lula deve fazer no ano que vem. "Reforma ministerial é uma coisa tão pessoal, é difícil de opinar. É o presidente que tem as informações e acaba tomando as decisões", disse. "O presidente se mostra muito satisfeito com a equipe, gosta, é amigo de seus colaboradores".
Haddad não quis comentar os votos de aliados - como Rui Falcão e Guilherme Boulos. "Eu não vou comentar voto a voto. Estou feliz que aprovamos. Tá tudo bem", afirmou, dizendo que "não pode impedir as pessoas de se colocarem".
'Ainda é cedo' pra 2026
Haddad evitou respostas sobre o cenário de 2026 e a sucessão do presidente Lula e afirmou que ainda é muito cedo para avaliar o cenário que o governo chegará na disputa.
O ministro disse ainda que não se entende como candidato à presidência. "Acredito que Lula tem todas as condições de chegar competitivo", disse.
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