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Carla Araújo

REPORTAGEM

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Bolsonaro apostará em auxílios como 'instrumentos' para conquistar votos

Bolsonaro com beneficiada com Auxílio Brasil - Clauber Cleuber Caetano/PR
Bolsonaro com beneficiada com Auxílio Brasil Imagem: Clauber Cleuber Caetano/PR

Do UOL, em Brasília

03/10/2022 14h48

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Além da antecipação do vale-gás, a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) deve apostar em mais medidas de apelo econômico para tentar angariar votos contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno.

Segundo um interlocutor do presidente, apesar de numericamente a diferença ser favorável ao petista, Bolsonaro precisa buscar mais votos, porém, "tem mais instrumentos e a onda é de direita". A avaliação é que "o tempo está a favor" de Bolsonaro.

Com um cardápio de opções limitado, por conta de restrições eleitorais, auxiliares do presidente afirmam que a tentativa das próximas quatro semanas será de anúncios relacionados ao programa Auxílio Brasil, que substituiu o Bolsa Família.

Uma das ideias é tentar incluir famílias que ainda estão sem acesso ao benefício, mas preenchem os requisitos. Nos cálculos mais recentes, neste mês de outubro cerca de 400 mil famílias poderão estar habilitadas, elevando o universo de beneficiários para 21 milhões.

Outra medida em estudo é a possibilidade de prometer a criação de uma espécie de 13º salário do Auxílio Brasil que seria pago apenas para mulheres, a partir de 2023.

Ajuste no discurso e uso de Guedes

Ontem, durante a entrevista coletiva que concedeu após a definição do resultado eleitoral, Bolsonaro - acompanhado do senador Flávio Bolsonaro - demonstrou que uma das estratégias dessa segunda etapa será ajustar o seu discurso em relação à economia.

"Há o sentimento de pessoas que, de que a vida delas ficou um pouquinho pior na questão econômica, a gente reconhece isso daí, mas vamos agora com mais ênfase mostrar para essas pessoas que nós reconhecemos que o poder aquisitivo dela caiu, mas a economia está recuperando bem, isso se fará presente de forma positiva no curto espaço de tempo", disse.

A ideia, segundo um auxiliar, é que o presidente deixe de falar que "não há fome" no Brasil e passe a reforçar que o seu governo sempre esteve preocupado em ajudar as famílias mais vulneráveis.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, que gravou alguns vídeos para a campanha nesta reta final, também deverá continuar a defender a política econômica e conceder entrevistas conforme orientação do presidente.

Campanha já promete Auxílio de R$ 800, sem dinheiro

Conforme mostrou o UOL, no início de setembro, em propaganda gratuita de rádio e TV, o presidente prometeu aumentar o Auxílio Brasil para R$ 800 —R$ 200 a mais para quem conseguir emprego, em cima do valor de R$ 600 que já foi anunciado.

No entanto, o Orçamento para 2023 do governo só prevê o benefício em R$ 405, na média. Fontes do Ministério da Economia disseram que ainda não há uma definição de onde virá o dinheiro.