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Carla Araújo

REPORTAGEM

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Em silêncio desde a vitória de Lula, Guedes diz que ajudará na transição

O presidente Jair Bolsonaro (PL) ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes - Clauber Cleber Caetano/PR
O presidente Jair Bolsonaro (PL) ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes Imagem: Clauber Cleber Caetano/PR

Do UOL, em Brasília

08/11/2022 14h01

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O ministro da Economia, Paulo Guedes, ainda não fez manifestações públicas após a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL), mas tem dito para a sua equipe que vai ajudar nos trabalhos de transição para o governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Nesta terça-feira (8), Guedes cancelou a sua participação na Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança de Clima (UNFCCC - COP-27) e foi representado pelo secretário-executivo da pasta, Marcelo Guaranys. Segundo apurou a coluna, o ministro está gripado e por isso pediu para seu executivo o substituir.

Desde a vitória de Lula, Guedes acompanhou Bolsonaro na visita do presidente a ministros do STF na semana passada e participou de reuniões com membros do TCU (Tribunal de Contas da União) para tratar da transição. Nas conversas, ele tem dito que assim que for procurado por membros do governo eleito dará todas as informações necessárias para o novo governo.

A ausência de uma fala pública reconhecendo a derrota de Bolsonaro é minimizada por auxiliares do ministro que justificam que ele tem que respeitar o presidente, que evitou parabenizar Lula pela vitória. Conforme mostrou o UOL, Bolsonaro também tem preferido ficar recluso nos últimos dias.

No entorno de Bolsonaro, alguns ministros, incluindo Guedes, têm dito que o momento vivido pelo governo "é de luto" e que o silêncio público de integrantes do governo "é natural".

Nos bastidores, Guedes faz coro ao discurso de Bolsonaro após a derrota e tem repetido que há um "sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral". Apesar disso, o ministro tem garantido que não haverá nenhuma ruptura institucional e o resultado das urnas será respeitado.

Guedes tem argumentado também que não é papel dele falar sobre o resultado eleitoral, mas que já passou orientações para que sua equipe entregue os dados do governo e fique à disposição do governo eleito.

"Vamos fazer tudo direitinho", tem repetido o ministro a auxiliares.

Defesa de legado

O ministro da Economia tem afirmado para sua equipe de que não sairá do governo com a pecha de ter deixado uma "herança maldita" e que eles precisarão defender com segurança a política econômica adotada no governo Bolsonaro.

Segundo um assessor do ministro, Guedes também tem reforçado a ideia de que toda a equipe tem que sair "com a cabeça erguida e com a consciência tranquila".

Guedes, que recentemente fez críticas públicas a Henrique Meirelles, afirmou a auxiliares que vai evitar declarações para não "ficar criticando tudo que eles vão inventar". A justificativa do ministro é que eles não devem agir como a oposição agiu e "tentar puxar o país para a lama". "Não vamos ficar jogando bombas", dizem auxiliares do ministro.

Futuro fora do país?

A aliados, Guedes tem dito que ainda não pensou no seu futuro depois do fim do governo Bolsonaro. Ele costuma citar, no entanto, que durante sua carreira no mercado financeiro já era aconselhado a morar fora do país, mas repete que, apesar de tudo, "ama o Brasil".

O ministro, porém, admite que caso sua passagem pelo ministério não seja reconhecida ele até poderá deixar o Brasil.

Nos últimos dias, em conversas reservadas, o ministro tem afirmado que pela complexidade da situação atual e pela quantidade de erros de previsão que foram feitos durante sua gestão ele só vai querer ser "julgado" daqui a alguns anos, para que não ocorram "ainda mais injustiças".