Carla Araújo

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Reportagem

Ex-comandante do Exército depõe à PF por suposta omissão em plano de golpe

O general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, depõe nesta sexta-feira, às 14h, em Brasília, no inquérito que apura a suposta tentativa de golpe por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Freire Gomes desembarcou da Espanha nesta semana em Brasília e, segundo apurou a coluna, tem dito a aliados que pretende responder aos questionamentos das autoridades, diferentemente da estratégia adotada por Bolsonaro e outros auxiliares militares.

Conforme mostrou o colunista do UOL, Aguirre Talento, a Polícia Federal investiga se a atuação dos ex-comandantes do Exército, e da Aeronáutica, Carlos Baptista Júnior, pode ter configurado crimes por omissão.

Apesar de os indícios colhidos até o momento na investigação apontarem que o general Freire Gomes e o brigadeiro Baptista Júnior se posicionaram contra concretizar a tentativa de golpe, a PF diz que eles tinham a função de "agentes garantidores" e por isso também podem ter cometido crimes pela omissão, já que deveriam ter agido para impedir as tratativas golpistas.

Generais ouvidos pela coluna dizem que a posição do então comandante era "delicada" e que o cargo do comandante do Exército é uma escolha do presidente da República, o que torna o cargo de caráter político.

A avaliação é que o comandante tem que fazer avaliações políticas do tema. E que se ele denunciasse, por exemplo, possíveis tramas golpistas ele poderia acabar 'piorando a situação'.

O argumento de generais é de que o então comandante deve ter avaliado que uma possível denúncia do plano poderia levar a uma troca no comando. E, com isso, Bolsonaro poderia eventualmente tentar escolher algum general mais alinhado e acabar dando mais força para um cenário golpista.

Aval para reunião golpista?

O depoimento de Freire Gomes deverá ter questionamentos a respeito da oitiva do general Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira, que é investigado por supostamente ter concordado com a trama golpista de Bolsonaro em uma reunião no fim de 2022.

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Conforme mostrou a colunista Bela Megale, de O Globo, Theophilo disse que esteve na reunião por ordem do então comandante do Exército.

Fontes ouvidas pela coluna dizem que é muito difícil que Theophilo de fato não tenha informado o então comandante da sua participação no encontro.

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