Fiscais cobram ex-advogada de Flávio Bolsonaro por ataques à Receita
A Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco) informou que vai entrar pedir explicações para Juliana Bierrenbach, ex-advogada do senador Flávio Bolsonaro, por declarações feitas nos últimos dias de que uma organização criminosa atua dentro da Receita Federal, supostamente agindo contra desafetos políticos.
"As acusações são extremamente graves e potencialmente danosas à reputação dos auditores fiscais e da instituição", diz a entidade, em nota. Segundo o presidente da Unafisco, Mauro Silva, o objetivo é que a advogada tenha a "oportunidade de se retratar ou poderá ser responsabilizada civil e criminalmente".
À coluna Juliana disse que mantém as acusações feitas e que não vai se intimidar. Em nota, a advogada disse ainda que "jamais, sob nenhuma hipótese, vai se retratar por ter dito a verdade a respeito de crimes cometidos reiteradamente contra contribuintes brasileiros no âmbito da Receita Federal do Brasil".
A advogada afirma ainda que fará outras acusações mais graves. "Todas com extenso lastro probatório", diz.
A Unafisco Nacional, por sua vez, reforça que considera as acusações graves e afirma que "não hesitará em tomar todas as medidas legais, civil e criminalmente, para proteger a reputação dos auditores fiscais".
"Como as declarações de Bierrenbach foram feitas em contexto público, a Unafisco entende que a advogada não estava protegida pela imunidade profissional da OAB, uma vez que, como a ela própria admitiu, não representava mais o senador Flávio Bolsonaro", completa a nota.
Saída conturbada
A advogada deixou a defesa do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) brigada com a então sócia Luciana Pires. As duas aparecem no áudio de uma reunião, que ficou público nesta semana por decisão do STF, em 2020. Mas Juliana não mantém mais contato com a ex-sócia nem com o ex-cliente.
Na reunião, o então presidente Bolsonaro sugere que as advogadas conversem com o chefe da Receita para "resolver o assunto". O objetivo da família Bolsonaro era anular as investigações de "rachadinha" contra Flávio.
Na época, as advogadas buscavam caminhos para tentar provar uma suposta perseguição da Receita Federal contra o senador. Uma das estratégias seria checar junto ao Serpro se servidores da Receita teriam acessado indevidamente dados fiscais sigilosos de Flávio e outras pessoas próximas a ele para embasar o relatório que originou a investigação sobre as rachadinhas.
Na conversa, o então chefe da Abin, hoje deputado Alexandre Ramagem (PL), propõe para a defesa abrir procedimentos administrativos contra os auditores fiscais que investigaram Flávio para anular as investigações, e Bolsonaro concorda.
A estratégia foi posta em prática, e o processo contra Flávio foi arquivado em 2022. Ele era suspeito de desviar recursos dos funcionários de seu gabinete quando era deputado estadual.
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