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Carlos Madeiro

REPORTAGEM

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PL de Bolsonaro fecha com Collor e indica vice para governo de Alagoas

Collor durante visita de Jair Bolsonaro a Maceió em setembro de 2021 - Reprodução/Facebook
Collor durante visita de Jair Bolsonaro a Maceió em setembro de 2021 Imagem: Reprodução/Facebook

Colunista do UOL

03/08/2022 15h58

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O PL do presidente Jair Bolsonaro bateu o martelo e vai se coligar com o PTB do senador Fernando Collor em Alagoas. Em troca, vai indicar o candidato a vice em sua chapa ao governo.

O nome do vice de Collor já está definido. Será o vereador Leonardo Dias (PL), um dos maiores expoentes do bolsonarismo em Maceió.

A coligação demorou a ser fechada e foi confirmada apenas após Collor pontuar bem nas pesquisas de intenções de voto. O senador está hoje na segunda colocação, atrás apenas do governador Paulo Dantas (MDB), que busca a reeleição.

A indicação deixa de fora o principal aliado de Bolsonaro no estado: o deputado federal Arthur Lira (PP), presidente da Câmara dos Deputados. Ele vai apoiar Rodrigo Cunha (União Brasil) e a vice Jó Pereira (PSDB) —nenhum deles declara apoio a Bolsonaro.

Segundo apurou a coluna, Lira não entrou na disputa com Collor. Ele preferiu não forçar para ter o PL na coligação do seu candidato por entender que não seria interessante na conjuntura política atual.

Além de ter pouca diferença na campanha, isso poderia causar uma discórdia com Collor e prejudicar outros possíveis acordos.

Na visão do presidente da Câmara, Rodrigo Cunha já tem um bom tempo de rádio e TV e um recurso garantido para campanha. Com isso, busca uma política da boa vizinhança para contar com o apoio de Collor para Davi Davino Filho (PP), candidato ao Senado do seu partido. Ele também cogita um apoio dele em um eventual segundo turno contra Dantas.

Lira aperta a mão de Collor após discursar para sorriso de Bolsonaro em junho, em Maceió - Reprodução - Reprodução
Lira aperta a mão de Collor após discursar, enquanto Bolsonaro sorri, em junho, em Maceió
Imagem: Reprodução

Negociação demorada

A escolha do PL foi tomada em âmbito nacional. Pesaram a favor de Collor o fato de ele ter buscado aliança abertamente e a indefinição da chapa apoiada por Lira, que sinaliza sempre voto na terceira via.

A coluna apurou que está decidido o apoio de Collor ao candidato do PP ao Senado. Nos bastidores, entendeu-se que uma segunda candidatura ao posto acabaria com a chance de derrotar o ex-governador Renan Filho (MDB), que hoje lidera as pesquisas com folga.

Como não há segundo turno para o Senado, a ideia é tentar explorar em um único nome o antipetismo e o anticalheirismo no estado para angariar mais votos.

Um outro ponto quase certo é de apoio mútuo em caso de um dos grupos passar ao segundo turno contra Dantas. "Os adversários em comum de todos são do MDB", diz uma fonte ligada ao grupo que apoia Collor.

Já o quarto colocado nas pesquisas, o ex-prefeito Rui Palmeira (PSD), tem boa relação com o MDB. Eles estavam no mesmo palanque na capital em 2020, por exemplo. Por isso é provável declarar apoio em Dantas em um eventual segundo turno contra Collor ou Rodrigo Cunha. Entretanto, até o momento, ele não fala sobre isso, já que sabe que será cortejado por aliados de Cunha.

Paulo Dantas, Fernando Collor e Rodrigo Cunha são os três á frente na disputa pelo governo de Alagoas - Montagem/UOL - Montagem/UOL
Paulo Dantas, Fernando Collor e Rodrigo Cunha são os três à frente na disputa pelo governo de Alagoas
Imagem: Montagem/UOL

Pesquisa Ibrape para o governo:

  • Paulo Dantas (MDB) - 33%
  • Fernando Collor (PTB) - 27%
  • Rodrigo Cunha (UB) - 14%
  • Rui Palmeira (PSD) - 7%
  • Não sabe/indecisos - 10%

Ao todo, foram entrevistadas 1.992 pessoas entre 21 e 24 de julho, com margem de erro de 2,2 pontos percentuais. A pesquisa foi registrada no TSE sob o número AL-02634/2022 e BR-03465/2022.

Collor, um neobolsonarista

Senador em final de mandato, Collor decidiu abandonar a disputa para sua terceira reeleição. Atrás em todas as pesquisas para o Senado, decidiu tentar pela quarta vez após o impeachment uma eleição para o governo.

O senador foi derrotado em primeiro turno em 2002 e em 2010. Em 2018, desistiu no meio da corrida quando estava bem atrás de Renan Filho nas pesquisas.

Depois de anos apoiando o PT, nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, nos últimos meses Collor tem se aproximado de Bolsonaro e o acompanhado nas visitas a Alagoas.

Com discurso cada vez mais ligado ideologicamente ao presidente, ele foi a todas as visitas de Bolsonaro ao estado. Na última, participou de uma motociata e gritou o nome de Bolsonaro a plenos pulmões —para delírio do público que participava do evento em Maceió.

Recentemente, o aliado de Collor desde 1989, Roberto Jefferson, se lançou candidato a presidente pelo PTB. Mas Collor não vai apoiá-lo oficialmente e espera ainda um vídeo de Bolsonaro declarando voto em Alagoas.