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AL: '100% bolsonarista', Collor se lança candidato sem certeza de recíproca
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Anunciando-se 100% bolsonarista, o senador Fernando Collor (PTB) lançou hoje, por meio de um vídeo em redes sociais, sua pré-candidatura ao governo de Alagoas. Ainda sem apoio consolidado do PL, ele faz acenos ao presidente Jair Bolsonaro (PL), à espera de um apoio formal para as eleições de outubro.
Collor já vinha falando da possibilidade de ser candidato ao governo, alegando pedidos que tem recebido e para dar palanque ao presidente; ao mesmo tempo, tem feito um grande esforço para se aproximar do presidente e do público bolsonarista.
Recentemente, por exemplo, o seu partido espalhou outdoors por Maceió convidando o público para ingressar no PTB, um "partido 100% Bolsonaro".
Apesar de ser defensor ferrenho do presidente e oferecer um palanque que ele não tem até aqui em Alagoas, a recíproca de Bolsonaro —pelo menos por ora— não é garantida.
Segundo apurou a coluna, Bolsonaro liberou Collor para ser candidato, mas quer primeiro que ele mostre viabilidade eleitoral da candidatura, para só então bater o martelo sobre o apoio.
De acordo com uma fonte próxima a Bolsonaro em Alagoas, que pediu anonimato, a estratégia do presidente é "sentir o termômetro" e, ao mesmo tempo, conciliar os dois principais aliados do presidente que são de interesse nacional (Collor e Arthur Lira-PP).
"Bolsonaro pediu para Arthur e Collor se entenderem, ainda que tenham palanques separados, mas que não arrumem uma dor de cabeça que nacionalize a eleição", afirma.
Caso o "OK" do presidente seja dado e o PL se coligue com Collor, o nome do vice dele já está pré-acertado: será o do vereador de Maceió Leonardo Dias.
"Collor depende das condições que apresentar em uma próxima pesquisa. Ele tem de se mostrar competitivo", completa o entrevistado.
Disputa dura e mudanças de lado
Collor não deve ter vida fácil na disputa em Alagoas. Ele vai enfrentar, como principais concorrentes, os dois grupos mais fortes em termos de capilaridade política do estado: o do MDB, comandado pelo senador Renan Calheiros e que lançou o governador tampão Paulo Dantas (MDB) à reeleição; e o do deputado federal Arthur Lira (PP), que apoia o senador Rodrigo Cunha (União Brasil) para o governo.
Além do PL, Collor tem tentado angariar mais apoios, como o do Republicanos, que inicialmente tem apoio anunciado para o PSD. A legenda presidida por Gilberto Kassab lançará o ex-prefeito de Maceió Rui Palmeira para disputar o governo. Conversas nesse sentido, segundo apurou a coluna, estão em andamento.
Collor é um político que se destaca pela habilidade de negociação e, desde que voltou a Brasília —quando foi eleito por Alagoas ao Senado em 2006—, por mudar de lado para se aliar aos governos federais eleitos.
No seu primeiro mandato, se aproximou do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, em seguida, também de Dilma Rousseff, ambos do PT. Em ambos os casos, conseguiu indicar cargos em escalões menores do governo.
Após a petista perder força, em seu segundo mandato, Collor largou o apoio e votou a favor do impeachment, no Senado, se aproximando de Michel Temer (MDB).
Recentemente, foi se aproximando de Jair Bolsonaro e hoje elogia e acompanha o presidente em todas as visitas a Alagoas, por exemplo.
Desistência ao Senado
Ainda segundo informações de bastidores, a candidatura de Collor ao governo tem relação direta com a desistência de tentar a reeleição pela desvantagem na corrida contra o ex-governador Renan Filho (MDB).
"Collor desistiu da disputa porque sabia que as chances de reeleição eram muito baixas e tinha esse incentivo do Bolsonaro para que tivesse um palanque disputando governo estadual em Alagoas", diz Luciana Santana, cientista política e professora da Ufal (Universidade Federal de Alagoas).
"Isso fez que ele apostasse alto. E talvez tenha mais chances de chegar a um segundo turno do que de vencer a vaga para o Senado", completa.
Para ela, Collor deve aproveitar que ainda tem uma boa aceitação no interior e, com um eventual apoio de Bolsonaro, pode ganhar mais simpatizantes na capital, Maceió —que em 2018 deu a maior votação proporcional a Bolsonaro no segundo turno entre todas as cidades do Nordeste.
"Com esse lançamento ao governo, ele agrada Bolsonaro, tenta se viabilizar. Talvez aí, em caso de derrota, pode já ter combinado uma embaixada ou algum cargo que possa protegê-lo de certa maneira", diz.
Sobre um possível apoio de Arthur Lira a Collor, Luciana vê chances para lá de remotas. "Acho muito difícil Arthur colocar o nome dele em evidência nesse caso; ele quer ser um candidato com 'supervotação', então é muito pouco provável que ele entre em campo a favor de Bolsonaro e um candidato seu", sentencia.
Quarta tentativa
Collor desistiu da tentativa da terceira reeleição para tentar pela quarta vez a candidatura ao governo —as outras três, porém, sem sucesso.
Em 2002, foi derrotado em primeiro turno por Ronaldo Lessa (então no PSB). Em 2010, caiu também no primeiro turno, quando Ronaldo Lessa (PDT) e Teotonio Vilela Filho (PSDB) seguiram para o segundo turno. Em 2018, chegou a ser candidato, mas renunciou a menos de um mês da disputa alegando falta de apoio. Ele foi substituído pelo ex-delegado federal José Pinto de Luna, então no Pros.
Ainda não há pesquisas estimuladas registradas com o nome de Collor para o governo.
No último levantamento espontâneo (quando o nome dos candidatos não é apresentado ao eleitor), divulgado na semana passada, ele aparece apenas na quinta posição, com 1,9% das intenções, segundo o instituto Paraná Pesquisas.
Para o Senado, ele sempre apareceu atrás do ex-governador Renan Filho. No último levantamento, do mesmo Paraná Pesquisas, ele fica na segunda colocação, com 19,5% das intenções de voto, menos da metade de Renan, que tem 40,1%.
A pesquisa ouviu 1.510 eleitores entre 4 e 6 de junho, com margem de erro de 2,6 pontos percentuais. O levantamento foi registrado no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de Alagoas sob o número 4485/2022.
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