Ao fazer média com ministros, Bolsonaro espera gratidão do Judiciário

*Por Redação UOL Notícias

Na Live UOL desta terça-feira (6), o colunista do UOL Notícias Felipe Moura Brasil falou sobre a presença do presidente Jair Bolsonaro (PL) na cerimônia de posse de dois novos ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Messod Azulay Neto e Paulo Sérgio Domingues foram indicados e nomeados pelo presidente.

Para Felipe Moura Brasil, sem cargo público a partir de janeiro, Bolsonaro vai precisar da boa vontade do Poder Judiciário.

"A maior preocupação de Bolsonaro é com o Judiciário, com os processos e investigações que envolvem tanto ele quanto os seus filhos —e eventualmente aliados. Então, ele vai lá fazer a sua média com os ministros do STJ", comentou o colunista, destacando que o Senado aprovou indicações do presidente, além do STJ, para o TST (Tribunal Superior do Trabalho) e para postos diplomáticos.

Moura Brasil afirmou que, com a presença confirmada na cerimônia, Jair Bolsonaro tenta fazer média com os ministros à espera de "gratidão".

"Bolsonaro colocou tentáculos no Poder Judiciário e quer que essas pessoas sejam 'gratas', como se diz na República Brasileira. Ele está fazendo a média dele porque é com isso que se preocupa. Ele usa, inclusive, os bolsonaristas que estão na porta dos quartéis para mostrar sua força, tentando dissuadir quem quer que pense em investigá-lo ou condená-lo", disse Moura Brasil, lembrando um outro episódio de distorção de lealdade, este no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Quando houve a escuta telefônica do próprio Lula, ele reclamou da falta de gratidão do [ex-procurador-geral da República] Rodrigo Janot, que precisou chegar aos 48 do segundo tempo para fazer alguma coisa contra o PT, quando já havia ali um monte de sujeira exposta pela força-tarefa anticorrupção. Mas ele queria a 'gratidão' pelo fato da [ex-presidente] Dilma Rousseff ter escolhido Janot na lista tríplice da categoria do Ministério Público Federal. Então eles querem essa distorção de lealdade que, na verdade, é você fazer vista grossa a eventuais imoralidades, erros e o que quer que apareça em eventuais processos", disse o colunista.

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