Ex-bailarina do Faustão recebeu R$ 246 mil de empresa ligada ao PCC

Ela mantinha contatos com um dos filhos de Colorido sobre a logística das visitas e sobre o cadastro para receber e enviar cartas da prisão.

Colorido era um dos chefes de rua da maior facção criminosa do país, quando foi preso em uma rodovia de Pernambuco, no dia 16 de abril de 2022. Natacha estava ao lado dele, na ocasião.

Os promotores afirmam que a influencer recebeu os valores do Grupo Pará, usado para lavar dinheiro oriundo do tráfico de drogas. Ela teria usado também a conta bancária de sua mãe para movimentar dinheiro do esquema.

Dinheiro suspeito

"Natacha recebeu mais de 246 mil reais, diretamente, de integrantes do Grupo Pará, com os quais não possui aparentemente nenhuma relação, além do elo com Valdeci", lê-se na decisão judicial que decretou a prisão preventiva de Natacha.

Ainda de acordo com a investigação, a influenciadora recebeu em suas contas bancárias como pessoa física um total de R$ 7,6 milhões, nos últimos dez anos.

Em uma das empresas registradas em nome da influenciadora, os promotores constataram que o maior depositante foi um CNPJ registrado em nome da mãe de outro traficante de drogas.

Natacha também fez transações com a empresa EZ Multimarcas Veículos, investigada pela Operação Fim da Linha, que apura a infiltração do PCC no sistema de ônibus da capital paulista. Há indícios de que mais de 100 carros de luxo e esportivos que teriam sido vendidos pela EZ para pessoas envolvidas no esquema.

Os policiais que prenderam Natacha encontraram R$ 119.650 em dinheiro vivo, além de quatro celulares. Um carro de luxo também foi apreendido.

Natacha foi bailarina do Domingão do Faustão, da TV Globo, entre os anos de 2015 e 2021. No ano seguinte, chegou a trabalhar com o apresentador por um mês no novo programa do apresentador, quando ele se transferiu para a Band.

Defesa entrou com habeas corpus

A defesa de Natacha é realizada por Daniel Bialski, um dos mais conhecidos criminalistas de São Paulo.

Bialski entrou com dois pedidos de habeas corpus no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte. Os recursos ainda não foram julgados.

O advogado afirmou, em sua petição, que há o lapso temporal entre as transações financeiras e a decretação da prisão de sua cliente. Negou também que Natacha tenha cometido qualquer crime.

"A prisão era absolutamente desnecessária ainda mais porque durante todo esse período não há qualquer notícia de que a suplicante [Natacha] teria se envolvido em qualquer situação criminosa", afirma a defesa.

"Muito pelo contrário, ela continuou o seu árduo trabalho de modelo conforme fazem prova as suas redes sociais".