Fora do páreo, Milton Leite elege 3 escolhidos para a Câmara de São Paulo

Nestes 27 anos, viu sua influência crescer a ponto de comandar a Câmara por cinco vezes. Nos bastidores, é tratado como "prefeito de fato" e lança sua sombra sobre o prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição.

A votação expressiva de Nunes nas zonas eleitorais do sul paulistano, no primeiro turno, se deve diretamente à ação de Milton Leite. Ambos são oriundos da região, mas Milton Leite exerce uma liderança muito maior que o prefeito.

Durante a campanha, Milton Leite se mostrou próximo a Nunes, com quem já teve algumas rusgas. Ele acompanhou o prefeito em pelo menos um debate televisivo, o da Bandeirantes. E na última semana, acompanhou o prefeito a um ato de campanha em uma igreja evangélica.

Pela manhã, acompanhou o voto de Nunes, em uma escola no bairro de Socorro, na zona sul. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) também esteve presente.

A aposentadoria de ML foi anunciada em um momento delicado. Milton Leite é investigado pelo Ministério Público por suas relações com a empresa de ônibus Transwolff, acusada de lavar dinheiro para a facção criminosa PCC (Primeiro Comando Capital).

Ele afirma que suas relações com a empresa e com outras do setor é "institucional" e se diz perseguido politicamente.

Candidaturas receberam milhões de reais

Milton Leite é o presidente municipal do União Brasil na capital paulista e tesoureiro do diretório estadual do partido.

Com todo esse poder, ele despejou dinheiro nas candidaturas dos seus escolhidos. Os três tiveram as campanhas mais caras, como mostrou reportagem da Folha de S.Paulo.

A pastora Sandra Alves foi a décima mais votada em São Paulo, com quase 73 mil votos. Ela recebeu mais de R$ 4 milhões do União Brasil, tendo a campanha mais cara entre os candidatos a vereadores.

Líder da igreja Amor Sem Limites, a pastora tem 2 milhões de seguidores no Instagram. Seu nome foi tentativa de abocanhar votos de eleitores evangélicos.

Logo depois da pastora, vem Silvio Antonio Azevedo, o Silvão. Ele exerceu a chefia de gabinete de ML e preside a escola de samba Terceiro Milênio, localizada na zona sul de São Paulo. ML é presidente de honra da agremiação. Silvão teve quase 63.000 votos.

Já Silvio Ricardo Pereira dos Santos, o Silvinho, foi o 21º mais votado, com mais de 52.000 votos. Ele foi chefe de gabinete da Subprefeitura de M'Boi Mirim.

Porém, o mais votado pelo União Brasil, foi o vereador Rubinho Nunes, com mais de 100 mil votos.

Rubinho rompeu com o partido ao decidir apoiar Pablo Marçal, em detrimento ao prefeito Ricardo Nunes.

Por sua vez, Milton Leite chegou a ameaçá-lo com expulsão do partido.