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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Pela 1ª vez, eleição terá campanha para formar bancada indígena

BRASÍLIA, DF, 24.04.2019 - Indígenas de várias etnias de várias partes do Brasil montam acampamento no gramado da Esplanada dos Ministérios, em frente ao Congresso Nacional, em Brasília (DF). O movimento chamado ?Acampamento Terra Livre? acontece todos os anos no mês de abril. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress) - Pedro Ladeira/Folhapress
BRASÍLIA, DF, 24.04.2019 - Indígenas de várias etnias de várias partes do Brasil montam acampamento no gramado da Esplanada dos Ministérios, em frente ao Congresso Nacional, em Brasília (DF). O movimento chamado ?Acampamento Terra Livre? acontece todos os anos no mês de abril. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress) Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Colunista do UOL

29/08/2022 09h00

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Numa transformação da ação política de lideranças indígenas, a campanha eleitoral de 2022 terá a primeira iniciativa para tentar formar uma bancada própria dessas comunidades no Poder Legislativo. No total, 30 candidaturas serão apresentadas envolvendo diferentes representantes de povos tradicionais.

"Pela primeira vez na história do pleito eleitoral no Brasil, uma bancada indígena disputa as eleições gerais de forma coordenada, a partir das indicações das organizações indígenas de base", afirma a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), que coordena ação. As 30 candidaturas serão representativas de 26 povos diferentes.

A campanha faz parte de uma estratégia de "luta política para ocupação de espaços de decisão e representatividade na sociedade brasileira por lideranças indígenas".

13 candidaturas concorrem a vagas de deputado federal, entre eles Vanessa Xerente, Lucio Xavante, Joenia Wapichana, Almir Suruí, Célia Xakriabá, Kerexu Yxapyry e Sonia Guajajara. 17 outros candidatos concorrem às cadeiras em Assembleias de 15 estados diferentes.

Para que os nomes fossem escolhidos, as consultas foram realizadas com o Conselho do Povo Terena, a Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME), Grande Assembléia do povo Guarani (ATY GUASU), a Comissão Guarani Yvyrupa (CGY), Articulação dos Povos Indígenas do Sudeste (ARPINSUDESTE) e a Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpin Sul).

Dinaman Tuxá, um dos coordenadores executivos da Apib, destaca que a iniciativa é parte de um projeto político que não se resume ao período eleitoral e que busca a construção da participação de lideranças de maneira contínua.

"Entendemos a Campanha Indígena como um programa mais estruturante, onde a bancada de candidaturas apresentada integra parte do nosso projeto de fortalecimento de participação política por meio da disputa eleitoral", explica. « Precisamos ocupar os espaços de decisão e direcionarmos as políticas públicas de acordo com o que pensamos para nosso futuro", afirma Tuxá.

As Eleições de 2022 já figuram como um marco histórico para os povos originários com o maior número de candidatos autodeclarados indígenas, desde 2014, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), passou a registrar a classificação de raça: são 182 até o momento. O primeiro indígena eleito no Brasil, que o movimento indígena tem registro, foi Manoel dos Santos, seu Coco, do povo Karipuna, em 1969. Ele ocupou o cargo de vereador na cidade de Oiapoque, no Amapá. Em 2018, Joenia Wapichana foi eleita primeira mulher indígena a Deputada Federal.