Topo

Jamil Chade

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Ministério da Defesa não está definido, e Jobim aguarda ligação de Lula

2.jul.2019 - Nelson Jobim, ex-ministro e ex-presidente do STF, na sede do banco BTG Pactual, em São Paulo - Fernando Moraes/UOL
2.jul.2019 - Nelson Jobim, ex-ministro e ex-presidente do STF, na sede do banco BTG Pactual, em São Paulo Imagem: Fernando Moraes/UOL

Colunista do UOL

29/11/2022 18h26Atualizada em 29/11/2022 20h49

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Não existe ainda definição de quem irá assumir o Ministério da Defesa, ao contrário do que vem sendo anunciado por aliados de grupos bolsonaristas, e Nelson Jobim já acenou em conversas privadas que, se for convidado, estaria disposto a assumir uma das pastas mais delicadas no novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo fontes na equipe que negocia a transição de governo, o alto comando das Forças Armadas quer impor o nome do ex-presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), José Múcio Monteiro, para o cargo.

Múcio de fato se reuniu com Lula, mas, segundo membros da equipe de transição, não houve uma definição final de que seria ele quem assumiria o ministério.

O nome enfrenta resistência, mesmo sendo um civil. Isso por conta de uma simpatia de Múcio em relação a grupos bolsonaristas dentro das Forças Armadas. Em seu mandato, aprovou todas as contas das Forças Armadas, sem fazer questionamentos.

Já Jobim acenou que toparia ser o ministro da Defesa. Mas que não faria campanha para isso e que teria de ser convidado. Celso Amorim, ex-ministro da Defesa, seria outro que estaria disposto a dar seu apoio ao nome de Jobim.

Segundo essa ala do grupo de transição, Jobim seria o único com condições de escolher como comandantes de cada uma das forças militares pessoas que não defendam a visão de que o artigo 142 da Constituição dá aos militares um suposto poder moderador, que é uma tutela sobre o poder civil.

Na equipe de transição, dois critérios tinham sido estabelecidos para a escolha de um ministro. Um deles era de que fosse capaz de escolher comandantes que fizessem declarações públicas de que não teriam poder moderador.

O segundo aspecto é a de que não tolerariam indisciplina por parte das Forças.

O temor de uma parte da equipe é de que Lula, se optar por aceitar a pressão de militares e escolher Múcio, correria o risco de assumir o governo em 2023 sem condições de escolher sua equipe, inclusive seus comandantes.

Nas últimas horas, interlocutores em Brasília ainda confirmaram que o presidente eleito foi procurado por diferentes fontes para alertá-lo sobre a situação.