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Jamil Chade

REPORTAGEM

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'Mudança climática saiu do controle', diz ONU após recorde de calor

Várias pessoas brincam na água para se refrescar em Madrid, em 26 de junho de 2023. A Agência Meteorológica do Estado alertou para ondas de calor e temperaturas superiores a 40 °C no país - Eduardo Parra/Europa Press via Getty Images
Várias pessoas brincam na água para se refrescar em Madrid, em 26 de junho de 2023. A Agência Meteorológica do Estado alertou para ondas de calor e temperaturas superiores a 40 °C no país Imagem: Eduardo Parra/Europa Press via Getty Images

Colunista do UOL

07/07/2023 12h56

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Diante da semana mais quente já registrada, a ONU soa o alerta mundial e aponta: "as mudanças climáticas estão fora de controle".

Na terça-feira, a média da temperatura no mundo foi de 17,18 graus Celsius, superando o índice do dia anterior, que já havia sido um recorde.

Nos sete dias entre quarta-feira da semana passada e o dia 5 de julho, a Universidade de Maine ainda destacou que a temperatura média havia sido acima de qualquer outro momento que se tem registro, nos últimos 44 anos.

Os dados levaram a ONU a reforçar a mensagem aos líderes internacionais sobre a urgência de uma resposta. Para os cientistas da entidade, não se trata mais de um cenário de futuros problemas. Mas de uma nova realidade que terá consequências imediatas para a saúde e até mesmo para as economias.

"Se persistirmos em atrasar as principais medidas necessárias, acredito que estaremos caminhando para uma situação catastrófica, como demonstram os dois últimos recordes de temperatura", disse António Guterres, secretário-geral da ONU.

"A situação que estamos testemunhando é a demonstração de que as mudanças climáticas estão fora de controle", alertou.

Nesta semana, a Organização Meteorológica Mundial ainda destacou que todos os indícios apontam que as temperaturas vão continuar batendo recorde. Isso depois que o mês de junho ter sido já o mais quente de que há registo. "O aquecimento excepcional em junho e no início de julho ocorreu quando começava a desenvolver-se o fenómeno de El Niño, que se prevê que aumente o calor tanto na Terra como nos oceanos e leve a temperaturas mais extremas e ondas de calor marítimas", afirmou Chris Hewitt, director dos Serviços do Clima da OMM.

De acordo com a entidade, as condições do El Niño se desenvolveram no Pacífico tropical pela primeira vez em sete anos, "preparando o terreno para um provável aumento nas temperaturas globais e padrões climáticos e meteorológicos perturbadores".

Uma nova atualização da Organização Meteorológica Mundial (OMM) prevê que há 90% de probabilidade de o evento El Niño continuar durante a segunda metade de 2023. "Espera-se que ele seja, no mínimo, de intensidade moderada", disse.

"O início do El Niño aumentará muito a probabilidade de quebra de recordes de temperatura e provocará calor mais extremo em muitas partes do mundo e no oceano", disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.

"A declaração de um El Niño pela OMM é o sinal para que os governos de todo o mundo mobilizem os preparativos para limitar os impactos sobre nossa saúde, nossos ecossistemas e nossas economias", disse ele. "Os avisos antecipados e as ações de antecipação de eventos climáticos extremos associados a esse grande fenômeno climático são vitais para salvar vidas e meios de subsistência", completou.