Jamil Chade

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Reportagem

Brasil não adere à pressão de Biden e 40 países sobre Maduro na ONU

Tentando manter um espaço de negociação, o governo brasileiro não se uniu a um grupo de mais de 40 países que, nesta quinta-feira (12), usaram o Conselho de Segurança da ONU para fazer uma declaração contra o regime de Nicolás Maduro.

Com a participação de quase todos os europeus, do governo de Joe Biden e de Chile, Argentina, Costa Rica, Guatemala, Paraguai, Peru, Uruguai e Panamá, o bloco deixou claro que quer que a crise na Venezuela passe a ser considerada um tema de segurança e estabilidade regional.

Já o governo brasileiro, que ainda vive uma situação delicada com a embaixada que assumiu na Argentina em Caracas, estima que tais declarações não serão a resposta para a crise política na Venezuela. O Itamaraty, que não reconheceu a vitória de Maduro, insiste na necessidade de que um diálogo seja estabelecido entre o governo e a oposição.

Ainda em março de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou com Biden sobre a necessidade de que os americanos adotassem uma nova postura na Venezuela, o que acabou resultando num acordo para a eleição. Maduro, porém, traiu o pacto.

Para o grupo de países, portanto, a comunidade internacional precisa colocar pressão sobre o regime venezuelano. "Mais de 12 milhões de pessoas foram às urnas e exerceram seu direito de voto. A decisão delas deve ser respeitada", defendeu o chanceler do Panamá, Javier Martínez-Acha Vásquez, falando em nome do grupo e na porta do Conselho de Segurança, em Nova York.

O Panamá é candidato a fazer parte do órgão da ONU em 2025 e, assim que terminou seu discurso, o chanceler foi saudado pela embaixadora dos EUA. Na semana passada, o governo do Equador havia solicitado um encontro do conselho, o que demonstrou um racha entre as potências sobre como lidar com a crise em Caracas.

"Observamos que mais de 80% dos boletins de apuração, publicados pela sociedade civil e pela oposição democrática, recebidos diretamente das seções eleitorais e corroborados por observadores independentes, mostram um resultado diferente daquele informado pelo Conselho Nacional Eleitoral", disse o ministro.

Ele pediu a publicação "imediata dos resultados da eleição presidencial para todas as seções eleitorais" e que fosse permitida a verificação imparcial dos resultados por observadores independentes,.

"Observamos o relatório preliminar do Painel de Especialistas das Nações Unidas, que constatou que o processo eleitoral ficou aquém das 'medidas básicas de transparência e integridade' que são essenciais para eleições confiáveis. O painel analisou uma amostra das atas que são de domínio público, que demonstrou 'todos os fatores dos protocolos do resultado original'", disse.

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Ele defendeu que "todos os venezuelanos se engajem em discussões construtivas e inclusivas para resolver esse impasse e a restauração das regras eleitorais de forma pacífica e de acordo com a lei eleitoral venezuelana e os desejos do povo venezuelano".

O grupo ainda denunciou os abusos e violações dos direitos humanos após as eleições, incluindo aqueles relacionados à repressão, prisões e detenções arbitrárias, assassinatos, negação de garantias para julgamentos justos, bem como táticas de intimidação contra a oposição democrática, incluindo invasões às sedes da oposição.

O bloco também afirmou estar preocupado com o mandado de prisão política emitido pelas autoridades venezuelanas em 3 de setembro contra Edmundo González Urrutia, que o forçou ao exílio.

"É imperativo promover o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais na Venezuela, incluindo o direito dos indivíduos de se reunir pacificamente sem represálias" disse.

"Em 16 de agosto, a resolução da OEA, que foi adotada por consenso, refletiu claramente a posição da região. Nossas declarações e ações na ONU, na OEA e em outros lugares atestam a força do nosso compromisso de promover os direitos humanos e o Estado de Direito", disse o chanceler.

"Apoiamos totalmente um processo inclusivo e liderado pela Venezuela para restabelecer o regime democrático no país e apoiamos os milhões de venezuelanos que continuam a arriscar suas vidas e seu bem-estar por uma Venezuela mais democrática, próspera e segura", completou.

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