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Jamil Chade

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Reportagem

Trump diz que ataque ao Capitólio foi 'dia de amor' e é chamado de fascista

"Fascista." Após meses de campanha eleitoral e de acusações de todo tipo, a palavra finalmente desembarca na etapa final da disputa entre democratas e republicanos pela presidência americana.

O divisor de águas foi a declaração por parte do ex-chefe do Estado-Maior e general aposentado Mark Milley, que chamou Trump de "fascista". Ao jornalista Bob Woodward, ele descreveu o republicano como "um fascista até a medula", de acordo com trechos do livro "War", que será lançado em breve.

O comentário gerou uma onda de debates pelos EUA. Mas, acima de tudo, levou a campanha de Kamala Harris a adotar a palavra para descrever o ex-presidente.

Numa entrevista a uma rádio, a candidata democrata concordou quando foi questionada se não se poderia chamar "o outro" (Trump) como uma opção pelo fascismo. "Sim, podemos dizer isso", respondeu Harris.

Imediatamente, a campanha de Trump respondeu e alegou que a retórica dos democratas era o que estaria levando a campanha a ganhar contornos de violência. "Esse é o tipo de retórica nojenta que levou a duas tentativas de assassinato contra o presidente Trump", disse a equipe do candidato republicano.

Mas os democratas passaram a adotar o termo, inclusive colocando conteúdo em suas alegações.

"Donald Trump está cada vez mais instável e desequilibrado, e ele está em busca de poder sem controle, é isso que ele está procurando", disse Harris em um comício na Pensilvânia. "Ele quer mandar os militares atrás dos cidadãos americanos", afirmou, numa referência às declarações do republicado dias antes.

Também passou a ser explorada pelos democratas a explicação que Trump deu para o que ocorreu no dia 6 de janeiro de 2021, quando seus apoiadores invadiram o Capitólio.

"Centenas de milhares de pessoas vieram a Washington. Elas não vieram por minha causa. Elas vieram por causa da eleição", disse Trump. Ele, de fato, havia incentivado seus apoiadores a irem a Washington para um comício naquele dia.

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"Algumas dessas pessoas foram ao Capitólio de forma pacífica e patriótica. Não fizeram nada de errado. Nada foi feito de errado. Não havia armas lá embaixo. Nós não tínhamos armas. Os outros tinham armas, mas nós não tínhamos armas. Mas aquele foi um dia de amor", disse.

A campanha de Harris, de seu lado, destacou como Trump passou a usar o termo "nós" para se referir às pessoas que invadiram o Capitólio, enquanto os "outros" seriam a Polícia do Capitólio.

"Trump defende os insurreicionistas de 6 de janeiro", atacou a campanha democrata.

O caráter autoritário e negacionista de Trump ganhou um novo capítulo quando, na quarta-feira, o candidato republicano à vice-presidência, JD Vance, afirmou que "problemas sérios" foram registrados na eleição de 2020, sugeriu que Trump não perdeu a disputa.

"Donald Trump perdeu a eleição? Não com as palavras que eu usaria", disse Vance. Horas depois, ele voltou a insistir no tema. "Acho que as grandes empresas de tecnologia manipularam a eleição em 2020. Essa é a minha opinião. E se você discordar de mim, tudo bem", completou.

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