Coronavírus será usado por Bolsonaro como vacina
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Em matéria de economia, tudo o que é ruim no mundo é muito pior no Brasil. Aqui, além de padecer o inevitável contágio global do coronavírus, a economia sofre os efeitos de uma moléstia doméstica: a mediocridade. No mercado financeiro do Brasil, reaberto depois da folia, as cotações e os prognósticos levam em conta também a penúltima crise produzida por Jair Bolsonaro ao propagar nitroglicerina pelo WhatsApp como se fosse mera "mensagem pessoal".
Ao encostar a sua Presidência na manifestação de 15 de março, de conteúdo anticongressual, Bolsonaro tornou ainda mais difícil a aprovação das reformas pós-Previdência, que já haviam subido no telhado. O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, reconhece o óbvio: a economia brasileira não será a mesma depois do coronavírus. Mas a hierarquia impede que as autoridades mencionem o impacto negativo do "efeito Bolsonaro".
No Carnaval de 2020, as cinzas vieram antes da Quarta-Feira. Ainda durante o feriadão, o avanço do coronavírus fora da China inoculou pessimismo nos mercados. No momento, o planeta maneja uma certeza e uma dúvida. É certo que a economia mundial sofrerá um baque. A incerteza decorre do fato de que ainda não é possível aferir com precisão o tamanho do estrago. Que no Brasil será potencializado pela capacidade de Bolsonaro de produzir crises.
Num ambiente assim, a mediocridade tende a enxergar o coronavírus como vacina a ser utilizada numa terapia muito conhecida na política. Baseia-se numa regra elementar: Personalize! Qualquer coisa pode ser vendida —de óleo de peroba a extrato de cinismo— se tiver uma cara e um enredo. Dê um nome ao seu inimigo: coronavírus. Grude nele um rabo e um par de chifres. Pronto! A identificação de um demônio para o qual se possa transferir todas as culpas livra Bolsonaro de qualquer tipo de exame. A começar pelo mais espinhoso: o autoexame.
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