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Josias de Souza

Medido pelo PIB, Bolsonaro virou um sub-Temer

Getty Images/iStockphoto/liulolo
Imagem: Getty Images/iStockphoto/liulolo

Colunista do UOL

04/03/2020 15h10

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Jair Bolsonaro assumiu a Presidência em meio a uma onda positiva. Ao tomar posse no Ministério da Economia, Paulo Guedes disse em seu discurso que o Brasil vivia um "momento de calmaria", com "expectativas favoráveis". Os pessimistas estimavam para o primeiro ano do novo governo um crescimento ao redor de 2%. Os otimistas falavam em 3%. Mas o PIB de 2019 fechou em 1,1%, resultado menor do que a taxa de 1,3% obtida nos dois anos de Michel Temer. A palavra adequada para definir a coisa é "frustração".

No mesmo discurso de posse em que celebrou "calmaria", Paulo Guedes informou que o Brasil alcançaria taxas de crescimento mais robustas escorando sua política econômica em "três pilares": reforma da Previdência, privatizações aceleradas e uma mexida tributária capaz de produzir simplificação, redução e eliminação de impostos.

Com sua capacidade de criar crises, Jair Bolsonaro eliminou a "calmaria". A despeito disso, o Congresso entregou uma reforma da previdenciária portentosa. O governo ficou devendo o pilar das privatizações aceleradas. E parece ter desistido de levar à mesa uma proposta de reforma tributária. Assiste aos esforços do Congresso para fundir dois projetos, um da Câmara e outro do Senado. Bolsonaro já não exibe um apetite por grandes mudanças. Até agora mantém na gaveta a reforma administrativa.

Medido pelo PIB, Bolsonaro conseguiu construir no primeiro ano do seu governo um desempenho de sub-Temer. O resultado é ruim. Parece ainda pior quando se recorda que Temer não dispunha da legitimidade do voto. E teve o mandato-tampão tumultuado pelo grampo do Jaburu. Neste início de 2020, o coronavírus levou embora qualquer perspectiva de calmaria. O governo e o mercado rebaixam suas previsões de crescimento. Só uma coisa não mudou: Bolsonaro continua produzindo crises.