Bolsonaro realiza a caravana que Lula prometeu
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Quando estava preso em Curitiba, Lula encomendou ao PT a organização de caravanas. Solto em novembro do ano passado após 580 dias de cadeia, a divindade petista prometeu "percorrer o país." Prometeu, mas não foi. Hoje, quem percorre o Brasil é Jair Bolsonaro.
O presidente dedica-se a rebatizar programas sociais vinculados ao petismo e a entregar obras —a maioria herdada das gestões do PT. Prioriza regiões que os rivais consideravam cativas: Norte e Nordeste. Leva a tiracolo aliados do centrão. Gente que trocava o apoio a Lula e Dilma por cargos, verbas oficiais e propinas.
Operando no modo reeleição, o governo programou para Bolsonaro um boom de inaugurações neste segundo semestre. Computando-se apenas as obras da pasta da Infraestrutura, o capitão levará o rosto a pelo menos mais 33 localidades, informa o Painel, da Folha.
Lula fala em "percorrer o Brasil" desde o impeachment de Dilma. Logo notou que minguaram as multidões que se dispunham a prestigiá-lo em caravanas de ônibus. Seus parcos deslocamentos ocorreram em jatinhos custeados por amigos ou pelo déficit público que alimenta o fundo partidário.
Dias atrás, Lula declarou que o PT pode abrir mão da cabeça de chapa em nome da formação de uma frente de oposição a Bolsonaro. Conversa para bovino nanar. O único candidato que Lula admite apoiar é Lula. No momento, seus advogados guerreiam no Supremo para lavar-lhe a ficha suja.
De resto, falta à oposição lulista capacidade para organizar um programa mínimo de ação. O PT e seus antigos aliados gastam energias atirando uns nos outros. Quando for liberado pelo coronavírus de sua prisão domiciliar, Lula talvez perceba que, diante do avanço de Bolsonaro sobre seu eleitorado, a falta de um programa é o menor dos seus problemas.
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