Kássio Marques é 'sabatinado' até por Weintraub
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Indicado por Jair Bolsonaro para a vaga de Celso de Mello no Supremo Tribunal Federal, Kássio Marques assustou-se com a aversão que seu nome despertou junto ao bolsonarismo. Em meio a uma pressão para que o presidente volte atrás, o desembargador decidiu submeter-se a uma espécie de sabatina paralela. Antes de passar pela arguição dos senadores, ainda por marcar, o desembargador rala em provas orais aplicadas por bolsonaristas.
Nesta segunda-feira, Kássio se explicou aos irmãos Abraham e Arthur Weintraub, premiados por Bolsonaro com um sinecuras no Banco Mundial e na OEA. Foi uma conversa longa. Ao final, o ex-ministro da Educação renovou seu voto de confiança no presidente.
Weintraub anotou: "Eu e o Arthur conversamos longamente com o dr. Kássio, indicado ao STF, e entendemos as razões da escolha do Presidente Bolsonaro. O dr. Kássio se comprometeu a seguir as leis e a Constituição, sem ativismo judicial. Novamente, confiamos no presidente e no sucesso de seu governo."
A sujeição de Kássio a Weintraub não é algo trivial. O ex-ministro foi deslocado às pressas para os Estados Unidos nas pegadas de uma polêmica envolvendo justamente a Suprema Corte. No vídeo da fatídica reunião ministerial de 22 de abril, aquela em que soaram mais palavrões do que ideias, Weintraub disse que Brasília "é um cancro de corrupção, de privilégio." E arrematou: "Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF."
Bolsonaro praticamente ecoou o então ministro: "Deixa eu complementar aqui. O que o Weintraub tá falando —eu tô com 65 anos— a gente vai se aproximando de quem não deve. Eu já tenho que me policiar no tocante a isso daí. São pessoas aqui em Brasília, dos três poderes, que não sabem o que é povo." Nessa época, o bolsonarismo pedia nas ruas o fechamento do Supremo.
Suprema ironia: antes de enviar o nome de Kássio Marques ao Diário Oficial, Bolsonaro obteve o assentimento de Gilmar Mendes e Dias Toffoli, magistrados que eram tratados como "vagabundos" na sala de reuniões do Planalto. E o doutor oferece explicações a um personagem que o Supremo avalia que não merece senão interrogatório. Sinal dos tempos!
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