Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Covaxin deve ser vista com o nariz, não com os olhos; o odor é insuportável
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Espanta que o contrato de compra de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin tenha sido apenas suspenso. Ou a transação é cancelada rapidamente ou Bolsonaro terá de mudar o lema do seu governo. Sai o "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos." Entra o "Quanto eu levo nisso?"
Contratos como esse só existem nas ilicitocracias do tipo em que se transforma a democracia brasileira. Um regime comandado há anos por gestores que têm a suspeição como regra, o lobby como programa e a propina como sistema.
A compra da Covaxin, realizada em fevereiro, deve ser olhada com o nariz, não com os olhos. Exala um odor insuportável desde a assinatura. E fica ainda mais malcheirosa a cada nova revelação.
Havia três empresas metidas na transação: a Bharat Biotech, da Índia, fabricante de uma vacina adquirida sem o aval da Anvisa; a Precisa, do Brasil, atravessadora que atuou como intermediária do negócio a despeito de ostentar uma ficha suja no Ministério da Saúde; e a Madison Biotech, situada em Singapura, que receberia os pagamentos mesmo não tendo sido mencionada no contrato. Tudo muito acintoso.
Descobre-se agora uma quarta logomarca, a Envixia, sediada nos Emirados Árabes. Teria sido contratada pelo fabricante indiano da vacina para cuidar do registro e da comercialização do produto no Brasil. Ora, esse era, presumivelmente, o papel da brasileira Precisa Medicamentos.
Guiando-se pelo olfato, já farejaram a radioatividade moral do contrato de compra da Covaxin o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e o Tribunal de Contas da União. O pior cego nessa história é aquele que não sente o cheiro. O Ministério da Saúde ainda mantém reservada a cifra destinada ao pagamento das vacinas indianas: R$ 1,6 bilhão. É como se o governo confundisse dinheiro público com dinheiro grátis.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.