Josias: Agro pode até acenar ao bolsonarismo, mas vê que governo é outro
Embora uma parcela considerável do agronegócio se mantenha fiel ao bolsonarismo, o setor está consciente de que também precisa do respaldo do governo Lula, afirmou o colunista Josias de Souza no UOL News desta quinta (25).
Em seu primeiro ano de governo, Lula favoreceu muito o agronegócio ao liberar verbas bastante generosas para o financiamento da safra. É preciso realçar que um pedaço do agro apoiou o Lula. A maioria é bolsonarista, mas há uma parte que enxergou as peripécias antidemocráticas do Bolsonaro.
Às vezes, Lula erra a mão quando faz observações que seriam dispensáveis em uma conjuntura na qual ele precisa contemporizar e atrair gradativamente para o quadrado democrático esse pedaço que flerta com o bolsonarismo golpista. Ao fazer declarações que generalizam, Lula afugenta ou dificulta a tarefa desse agronegócio moderno que está interessado na normalização do cenário.
O agro não rasga dinheiro e percebe que pode até fazer seus acenos para Bolsonaro, mas não pode ignorar que o governo agora é outro. O inquilino do Palácio do Planalto hoje é o Lula, que já deu farta demonstração de que não está interessado em sabotar o agronegócio. Josias de Souza, colunista do UOL
Para Josias, apesar dos esforços do governo em atrair a confiança da parcela bolsonarista do agronegócio, o próprio Lula dificulta esta articulação ao manter acirrado o clima de polarização política.
O governo está atento a isso e tenta fazer a ponte. O [Carlos] Fávaro, ministro da Agricultura, conhece bem esse setor, com o qual tem boa interlocução. Mas um pedaço do agronegócio tem paixão por Bolsonaro, de fato. Nem sempre ela foi correspondida, já que ele conspirou contra o agro ao chutar a China de graça e ao hostilizar parceiros comerciais do Brasil.
Lula sabe que seria um tiro no próprio pé se ele, a pretexto de se vingar desse agronegócio que fez campanha pelo Bolsonaro, não enxergasse a necessidade de financiar a safra e melhorar o ambiente de negócios. Lula faz o gesto correto.
Essa ruptura entre parte do agronegócio e a civilização democrática foi profunda e isso demora para ser consertado. Embora tenha a percepção do problema, Lula também auxilia os inimigos da normalização quando favorece a polarização [com Bolsonaro]. Josias de Souza, colunista do UOL
Sakamoto: Agro percebeu que não dá para brigar com quem tem chave do cofre
Leonardo Sakamoto ressaltou que, mesmo com o embate ideológico entre uma parcela significativa do agronegócio e o governo, o setor se deu conta de que não pode dar as costas a Lula.
A cúpula do agronegócio percebeu que não dá para brigar com quem tem a chave do cofre, ainda mais porque o governo Lula libera e atende os pedidos do setor. O governo tem que ajudar a financiar a agricultura do país e todos saem ganhando com isso. Pode até haver questões ideológicas, mas ninguém sai rasgando dinheiro. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
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