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Planalto já enxerga Pacheco como 'adversário'
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Está em franco processo de mutação o status do relacionamento de Bolsonaro com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. O senador frequenta os diálogos do presidente com seus operadores políticos na condição de "adversário."
Após a eleição de Pacheco ao comando do Senado, Bolsonaro imaginou-se credor da reciprocidade do aliado. Irritou-se com a decisão de Pacheco de arquivar o pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo.
A conveniência de pacificar o ambiente levara Bolsonaro a planejar um estreitamento da inimizade. Súbito, o presidente passou a acusar Pacheco de subordinar a agenda do governo ao seu projeto pessoal.
Bolsonaro e seus auxiliares estão convencidos de que Pacheco se equipa para entrar na corrida presidencial de 2022. Identificaram uma "má-vontade" do senador com a reforma do Imposto de Renda, fonte orçamentária do Auxílio Brasil, versão anabolizada do Bolsa Família.
De fato, Pacheco age como se desejasse dar uma lição em Bolsonaro. É como se quisesse ensinar que o improviso é o caminho mais longo entre um plano de governo e sua realização.
Na última terça-feira, Bolsonaro mandou publicar no Diário Oficial a sanção do projeto de lei que autorizou o Planalto a usar a reforma do Imposto de Renda para custear o Auxílio Brasil.
O problema é que essa reforma ainda depende da aprovação dos senadores. E Pacheco disse considerar "temerário" para o governo apostar as fichas numa fonte inexistente.
Julgando-se espertos, Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes, da Economia, submeteram os senadores a uma espécie de chantagem: ou aprovam a reforma do Imposto de Renda, ou serão acusados de ser contra o reajuste do benefício médio do Bolsa Família de R$ 190 para R$ 300.
Pacheco foi ao ponto. Lembrou que o projeto tem "apelo eleitoral", mas precisa ser submetido a uma "discussão técnica". Levou à mesa uma proposta de reforma tributária ampla. Daí a aversão de Bolsonaro.
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