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MEC ignora efeitos da pandemia na Educação
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Há no Ministério da Educação problemas de dois tipos. Os problemas do governo e os problemas da sociedade. Numa ponta, quatro em cada dez brasileiros avaliam que a pandemia impõe prejuízos irrecuperáveis à aprendizagem. Noutra, o MEC se finge de morto. O país convive com o quarto ministro da Educação da Era Bolsonaro. E esses dois mundos —o real e o governamental— ainda não se tocaram.
Imaginou-se que o ministro Milton Ribeiro, egresso do meio universitário, interromperia a mania da atual gestão de maltratar a Educação. Mas o substituto do desastre Abraham Weintraub eliminou a perspectiva otimista numa das primeiras entrevistas que concedeu depois de assumir.
Milton Ribeiro mal havia sentado na poltrona de ministro quando declarou que concordava com a tese segundo a qual a pandemia escancarou as desigualdades educacionais. Mas achava que não tinha nada a ver a questão. "Esse não é um problema do MEC, é um problema do Brasil", ele afirmou. "Vai fazer o quê? Não foi um problema criado por nós."
O ministro também reconheceu declarou que a má distribuição da internet constitui uma dificuldade. Mas avaliava que a encrenca não lhe dizia respeito. "Esses são problemas sociais, que eu não tenho como responder. Vão afetar a escola, mas isso aí já é para um outro departamento, de assistência. Não tenho como resolver isso."
Esse mesmo ministro agora negligencia o flagelo produzido pela pandemia no sistema educacional. Não é que o MEC ignore a solução do problema. A questão é que o ministro evita enxergar o problema. E a primeira condição para solucionar um transtorno é a disposição de conhecer o tamanho da urucubaca. Daí a percepção de que o prejuízo educacional imposto pela pandemia é mesmo insanável.
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