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Bolsonaro dá uma dentro na encrenca da Ucrânia
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Atenção, vai abaixo referência a uma rara decisão acertada de Bolsonaro em relação a um desdobramento da guerra que a Rússia deflagrou na Ucrânia. Entre todos os estragos já produzidos pelo conflito, o mais hediondo é o flagelo humanitário. Pelas contas do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, mais de 660 mil pessoas fugiram do conflito em apenas seis dias. O número não para de crescer.
A ONU estima que a Europa está prestes a viver sua maior crise de refugiados neste século. Criticado por atrapalhar a atuação da diplomacia brasileira e fazer manifestações simpáticas a Moscou num instante em que o mundo opera para desligar o autocrata russo Vladimir Putin da tomada, Bolsonaro posicionou-se do lado certo na encrenca dos refugiados. Autorizou o Itamaraty e o Ministério da Justiça a editar portaria sobre a concessão de vistos humanitários para os ucranianos que quiserem vir para o Brasil.
A maioria dos ucranianos em fuga correu para Polônia, Hungria, Moldávia, Romênia e Eslováquia. A distância não estimula a escolha do Brasil como destino final. Mas o IBGE estima que há nesta terra de palmeiras e sabiás algo como 500 mil ucranianos e descendentes. Abrigo de uma das maiores comunidades de ucranianos fora da Ucrânia, o município paranaense de Prudentópolis declara-se de portas e braços abertos para acolher os refugiados da guerra.
O Brasil dispõe de uma legislação moderna sobre o tema. A Lei de Migração é de 2017. Coloca a emergência acima da burocracia. Para situações extremas, prevê inclusive uma acolhida humanitária com embarque sem passaporte ou documento de viagem.
A guerra que estourou no leste europeu reforça a impressão de que a perspectiva de sobrevivência do ser humano era maior quando ele estava indefeso em relação às feras que o assediavam na caverna do que hoje, quando está indefeso contra si mesmo.
Aliás, se o homem das cavernas soubesse que a evolução daria em Vladimir Putin, talvez tivesse ficado lá dentro. Se o Brasil ficasse indiferente ao drama dos refugiados ucranianos, não faria jus à sua tradição humanitária.
- Veja a análise completa de Josias de Souza e as últimas informações sobre a guerra na Ucrânia no UOL News com Fabíola Cidral:
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