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Rússia tira Bolsonaro para dançar à beira do caos
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Ao converter o autocrata sanguinário Vladimir Putin em seu mais novo amigo de infância, Bolsonaro como que avalizou declarações como a que foi feita pelo ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov. Segundo Lavrov, o Brasil não vai "dançar ao som dos Estados Unidos" na guerra que devasta a Ucrânia.
O Brasil não deveria participar de nenhuma dança que não fosse a coreografia dos seus próprios interesses estratégicos. Ao se declarar "solidário" com a Rússia em visita ao Kremlin, Bolsonaro meteu-se numa contradança com Putin.
O presidente brasileiro perdeu de vista que as relações internacionais não são feitas de preferências pessoais ou ideológicas. Elas se organizam em torno de interesses nacionais. Isso costumava ser uma obviedade para o Itamaraty. Sob Bolsonaro, o profissionalismo foi substituído pelo personalismo.
A diplomacia brasileira sempre cultivou valores que permitiram ao Brasil atravessar as crises sem perder o rumo. Com sua "neutralidade" pró-Putin, Bolsonaro subverte princípios seculares. Despreza coisas como a não intervenção em assuntos domésticos de outros países e independência nacional.
Bolsonaro já demonstrou que despreza as relações entre Estados. Busca vínculos pessoais: Trump nos Estados Unidos, Macri na Argentina e Netanyahu em Israel, por exemplo. Os líderes "amigos" foram apeados do poder. E o interesse nacional ficou a pé.
Tratado como pária no exterior, Bolsonaro enxergou em Putin sua nova alma-gêmea. Apaixonou-se pelo autocrata. E está sendo correspondido.
"Há jogadores que nunca concordarão com a existência de uma 'aldeia global' sob a liderança de um 'xerife' da América", disse Sergei Lavrov. "São China, Índia, Brasil, México... Tio Sam vai dizer para eles fazerem isso."
Na diplomacia manca de Bolsonaro, a "neutralidade" é traduzida do português para o russo como adesão. Putin tirou o capitão para dançar à beira do caos.
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