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Ciro pedia voto útil em 2018, hoje diz ser 'fraude'
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No intervalo entre uma eleição e outra, é fácil para os políticos falar em nome do eleitor, como se o povo não tivesse voz. Mas numa campanha eleitoral, a urna se transforma num extraordinário alto-falante. Com dificuldades para obter o "tiquinho" de votos que lhe falta para prevalecer no primeiro turno, Lula corteja o eleitorado de Ciro Gomes. Incapaz de realizar o sonho de furar a polarização, Ciro tenta evitar que se realize o pesadelo da insignificância política. No desespero, perde a coerência.
Em 2018, manuseando pesquisas que o apresentavam como candidato competitivo numa disputa de segundo turno contra Bolsonaro ou Fernando Haddad, Ciro pregou o voto útil na sua candidatura. Hoje, chama de inútil o que considerava útil. Classifica a investida de Lula sobre o que lhe resta de votos de "uma das maiores fraudes das eleições democráticas." Mistura de "mentira e manipulação grosseira."
Ciro está sua quarta campanha presidencial. Afirma que não será mais candidato. Conversa mole. Se arrancar das urnas uma terceira colocação honrosa, cavalgará o discurso antipetista pelos próximos quatro anos para pleitear o trono em 2026. Se derreter, será aposentado pelas circunstâncias. Daí o desespero.
O problema de Ciro não é a incoerência ou o sobrevoo de Lula sobre o seu eleitorado. A questão é que Ciro não conseguiu convencer nem mesmo o seu eleitorado de que é a melhor alternativa. Segundo o Datafolha, apenas 47% dos eleitores de Ciro dizem ter certeza do voto. Os demais olhar ao redor, em busca de alternativas. Ou seja: Lula fala em voto útil porque Ciro fornece material.
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