Ao subir no salto alto, Tarcísio flerta com o azar

A sabedoria convencional ensina que candidato que se apaixona pelo salto alto na reta final da eleição flerta com o azar. Neófito nas artes da política, o técnico bolsonarista Tarcísio de Freitas sentiu o cheiro das nuvens ao colocar nas urnas do primeiro turno uma vantagem de 6,6 pontos percentuais sobre o petista Fernando Haddad. Animado com a maré de sorte, Tarcísio decidiu acenar para a urucubaca.

Depois de perder por pontos um debate civilizado com Haddad, Tarcísio achou que seria uma boa ideia fugir de sabatinas e de novos debates. Se ficasse nisso, o candidato teria escalado um discreto salto Anabela, mais compacto e próximo do chão. Mas Tarcísio passou a equilibrar-se sobre um salto do tipo agulha, bem mais alto do que a prudência recomenda, no instante em que começou a nomear o time antes de entrar em campo.

Citou o coordenador do seu plano de governo, Guilherme Afif Domingos, sem apontar o setor do governo em que atuaria. Insinuou que a deputada federal Rosana Valle pode chefiar uma pasta das Mulheres. Para a Fazenda, Samuel Kinoshita, que integrou a equipe de Paulo Guedes, em Brasília. Para a Saúde, o ex-deputado Eleuses Paiva.

Otimismo de candidato sempre costuma ser maior do que a realidade da urna. Mas Tarcísio de Freitas ficou fora da curva. Se o marqueteiro de Fernando Haddad quisesse dar conselhos ao candidato adversário, não recomendaria melhores procedimentos.

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