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Dupla Haddad-Arida é primeira picanha exposta por Lula na laje da transição
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Com mais de 400 pessoas distribuídas em três dezenas de grupos de trabalho, a transição para o governo Lula virou uma espécie de churrasco na laje. Há muito pagode para pouca carne. Nesse contexto, a notícia de que Lula amadurece a ideia de nomear o petista Fernando Haddad para o Ministério da Fazenda e o liberal Pérsio Arida para a pasta do Planejamento tem um aroma de picanha.
No miolo dessa picanha, há o desejo de compor um governo que vá além do PT, mas que fique sempre aquém de Lula. Na Fazenda, Lula contaria com a submissão inquestionável de Haddad para ajustar a responsabilidade fiscal aos seus planos sociais. No Planejamento, Arida e seu compromisso presumido com a hierarquia funcional ofereceriam ao mercado contraponto liberal e ao governo ideias para hipotéticas reformas econômicas. Nesse arranjo, as cotoveladas serão inevitáveis.
Confirmando-se a pretensão de Lula, restará saber se o presidente eleito conseguirá convencer Pérsio Arida de que a Fazenda de Fernando Haddad não sairá vitoriosa sempre que o Planalto tiver que arbitrar uma divergência com o Planejamento. A história mostra que, diante da necessidade de mediar conflitos, Lula ficou sempre do lado de Lula. Ou seja: havendo encrenca, Haddad prevaleceria sobre Arida.
Nesta sexta-feira, num prenúncio do que está por vir, Haddad representa Lula num encontro anual dos executivos dos principais bancos do país. O poder financeiro preferiria Arida na Fazenda e Haddad no Planejamento —ou em qualquer outro lugar. Participa também do encontro o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, cujo mandato invade a gestão Lula. Ele já insinuou que, se necessário, manejará a política monetária para corrigir eventuais barbeiragens fiscais.
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