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Difícil não é pôr garimpeiro ilegal para fora, mas colocá-lo dentro da lei
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Graças ao instinto genocida de Bolsonaro, o governo anterior foi incapaz de resolver os problemas das comunidades indígenas. Revelou-se genial, porém, na organização da próxima confusão. A operação emergencial deflagrada sob Lula para socorrer o povo yanomami está longe de solucionar o drama humanitário. Mas a realidade, sempre implacável, já intima o governo a lidar com uma nova encrenca: O que fazer com os brasileiros expulsos do garimpo ilegal?
Nesta semana, intensifica-se a operação para expulsar os 20 mil garimpeiros que invadiram a terra Yanomami. Envolverá algo como 500 homens, entre agentes da Polícia Federal, soldados das Forças Armadas, fiscais do Ibama e da Funai e policiais da Força Nacional. Na quarta-feira, desembarcam em Roraima o ministro José Múcio (Defesa) e os comandantes militares. Antecipando-se ao cerco, os garimpeiros iniciaram no final de semana um movimento de fuga.
A ministra Sônia Guajajara (Povos Indígenas) soltou fogos: "É bom que saiam, porque reduz o nosso trabalho." Engano. A fuga desordenada dispersará pela Amazônia uma legião de desocupados. Junto com eles virá o rastro de problemas sanitários e o drama social. Vai ficando claro que difícil mesmo não é enviar garimpeiros ilegais para fora da área Yanomami, mas recolocá-los dentro da legalidade.
A punição de assassinos e estupradores de indígenas precisa ser acompanhada de acolhimento àqueles que foram ao garimpo porque não encontraram outra maneira de encher a geladeira. Desassistidos, vão garimpar em outras áreas. Ou, pior, fornecerão sua mão de obra barata ao tráfico de drogas.
A repressão será incompleta, de resto, se ficar restrita à Amazônia. Precisa alcançar donos de garimpos clandestinos e compradores de ouro ilegal. O problema dos yanomamis, dos mundurukus e dos caiapós começa em São Paulo.
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