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Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Lixão das vacinas leva desgoverno Bolsonaro do escândalo para o escracho

Foto: Myke Sena/MS/ Agência Brasil
Imagem: Foto: Myke Sena/MS/ Agência Brasil

Colunista do UOL

15/03/2023 10h18

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Dos vários caminhos para se chegar ao desastre, a jogatina é o mais rápido; a cocaína, o mais animado; e Bolsonaro, o mais seguro. Desde que o capitão fugiu para a terra do Pateta, o melado não para de escorrer pelas bordas do tapete do antigo governo. De repente, descobre-se que 39 milhões de vacinas contra covid viraram lixo. Um lixão de R$ 2 bilhões.

As vacinas perderam o prazo de validade antes de chegar ao braço dos brasileiros. Pense nisso sem pensar no resto. Esqueça por um instante a minuta golpista, a bisbilhotice na Receita, a megaespionagem da Abin, o garimpo das joias sauditas, a pirataria dos bens "personalíssimos"... A gestão Bolsonaro, que já era uma sucessão de escândalos, virou um grande escracho.

Enquanto o presidente anticientífico apostava nos poderes milagrosos da cloroquina, o governo jogava fora em 2021, primeiro ano da vacinação contra a covid, 2 milhões de doses. Em 2022, perderam-se 10 milhões de doses. Nos primeiros dois meses de 2023, já sob Lula, as doses desperdiçadas somaram 27 milhões.

Nos próximos seis meses, mais 20 milhões de doses irão vencer. É preciso fazer barulho por um mutirão nacional de vacinação. No país em que a covid matou quase 700 mil pessoas, o lixão das vacinas faz lembrar o fenômeno que a filósofa alemã Hannah Arendt batizou de "banalidade do mal".

Quando a maldade se vulgariza, como ocorreu sob Bolsonaro, o pior excesso que os órgãos de controle e o Judiciário podem cometer ao investigar e julgar os culpados é o excesso de moderação.