Topo

Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

'Genialidade' de Lupi impõe suplício a aposentados e constrangimento a Lula

Colunista do UOL

21/03/2023 09h37Atualizada em 21/03/2023 13h56

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Carlos Lupi descobre da pior maneira que, no exercício do Poder, é estreita a fronteira que separa a coragem da estupidez. Na semana passada, o ministro articulou no Conselho Nacional da Previdência a canetada que baixou os juros do consignado de 2,14% para 1,7%. A pretexto de ajudar, deu uma paulada nos aposentados. Os bancos suspenderam os empréstimos. Até a Caixa Econômica e o Banco do Brasil fecharam o guichê dos aposentados.

Num instante em que Lula guerreia com o Banco Central pela redução dos juros, o governo amargará o constrangimento de anunciar uma reelevação da taxa do consignado. Negocia com os bancos um percentual intermediário entre os 2,14% e o 1,7%. Já admite chegar a até 2%. Na semana passada, os bancos haviam sugerido 2,08%.

Não é a primeira vez que Lupi constrange Lula. No alvorecer do governo, o ministro mencionou sob holofotes o plano de rever a reforma previdenciária aprovada na gestão Bolsonaro. Foi desmentido pelo Planalto.

No caso do consignado, a "genialidade", como Lula definiu as ideias dos ministros que fogem do filtro da Casa Civil, potencializou o constrangimento. O recuo terá que ser aprovado em nova reunião do Conselho Nacional da Previdência.

Nenhum ministro está livre de tropeçar numa confusão. Mas Lupi exagera. Confunde ministério com propriedade, bagunça com atividade, improviso com agilidade, teimosia com tenacidade, voluntarismo com genialidade. Numa boa negociação, obteria a taxa de juro intermediária que o governo agora persegue. Na marra, confundiu uma certa decisão com decisão certa.