Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Brasil ainda não sabe se trata Bolsonaro como bandido ou tiozão excêntrico
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O retorno de Bolsonaro trouxe à tona um problema que estava exilado há três meses na terra do Pateta. Ninguém sabe muito bem como tratar o personagem. O governo de Brasília e as autoridades aeroportuárias se equiparam para recepcionar Bolsonaro como um tiozão excêntrico que volta para casa porque, afinal, ele mora aqui. A Polícia Federal dispensou ao personagem um tratamento de bandido.
O esquema de segurança camuflou a imposição de limites à movimentação de Bolsonaro sob uma retórica de polidez protocolar. Por precaução, optou-se por empurrar o viajante para uma porta lateral e conter os admiradores, para que não o estimulassem a fazer os truques que lhe renderam na família a fama de "mito".
A tolerância vigiada concede a Bolsonaro uma respeitabilidade democrática que os responsáveis pelos inquéritos e processos que o envolvem sabem que ele não merece. Muitos imaginam que, com a provável decretação de sua inelegibilidade, o capitão estará dormindo antes do início da festa de 2026, provavelmente com um sobrinho-neto —ou com o Valdemar Costa Neto— no colo.
A Polícia Federal sabe que o tiozão tem o hábito de roubar as joias da penteadeira. Por isso, apressou-se em intimá-lo para depor no caso dos diamantes da Arábia Saudita já na próxima quarta-feira. Simultaneamente, o Tribunal de Contas da União determinou a devolução do rolex e dos outros objetos de luxo desencavados na penúltima descoberta da imprensa.
Bolsonaro revelou-se um personagem complexo. Os quatro anos de sua Presidência mostraram que ele não serve de exemplo. E o quebra-quebra de 8 de janeiro o transformou num fantástico aviso. Nesse contexto, oferecer cordialidade e condescendência a quem merece interrogatório pode ser um erro capital.
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