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Mania de grandeza encolhe êxito externo de Lula
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O convite para visitar Kiev é uma provocação adequada da Ucrânia diante da gritante predileção de Lula pela Rússia. Impressiona a facilidade com que Lula pronuncia besteiras sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia. Mas seria um erro primário condená-lo apenas por dizer bobagens. O problema é pior. Do alto de sua mania de grandeza, Lula achou que poderia elevar-se à condição de mediador da guerra do século, colocando-se na fila do Prêmio Nobel da Paz. Obteve o oposto. Além de não se engrandecer, encolheu o êxito de sua política externa.
Ao nivelar vítima e agressor, repetindo que os ucranianos também são responsáveis pela guerra, Lula desqualificou-se para uma mediação que ninguém pediu. Comprou briga Estados Unidos e União Europeia ao insinuar que as armas do ocidente serviram para fomentar a guerra, não para garantir a sobrevivência da Ucrânia. Ao sugerir que os ucranianos abrissem mão da Criméia, Lula virou algo parecido com um garoto-propaganda de Vladimir Putin. Distanciou-se de resolução aprovada na ONU com o aval do Brasil.
No curto prazo, as declarações inoportunas de Lula abafam o êxito da viagem à China. Em vez de faturar a reativação da parceria estratégica com Pequim, o governo brasileiro precisa agora explicar um comentário constrangedor do chanceler russo Sergei Lavrov. A caminho de Venezuela, Cuba e Nicarágua, Lavrov fez escala em Brasília para retribuir visita de Celso Amorim a Putin. Disse que Brasil e Rússia têm "visão similar" sobre o conflito na Ucrânia. Ainda não foi desmentido.
No médio prazo, a derrapagem de Lula inibe dois movimentos do Itamaraty. Num, a reaproximação com a China serviria de despertador para acordar os Estados Unidos para a conveniência de oferecer ao Brasil mais do que solidariedade e acenos. Noutro, a União Europeia seria instada a levantar os obstáculos que ainda retardam a assinatura do acordo comercial com o Mercosul. Lula vai à coroação do rei Charles 3º e à reunião do G7, em maio, numa posição defensiva. Distanciou-se das democracias ocidentais para encostar o seu governo em Putin, hoje o principal aliado da direita autocrática mundial.
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