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Chapéu de Cármen Lúcia em Nunes Marques colocou Lula na cara do gol
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A rotina dos tribunais superiores de Brasília foi quebrada por dois movimentos que não podem passar despercebidos. Num, Cármen Lúcia mostrou, numa aula para o colega Nunes Marques no TSE, a falta que fazem as mulheres no topo do Judiciário Brasileiro. Noutro lance, Dias Toffoli retirou do caminho o entulho processual da Lava Jato que inibia a consumação do plano de Lula de enviar seu criminalista de estimação Cristiano Zanin para o Supremo.
A lição de Cármen Lúcia veio no julgamento de uma fraude praticada contra uma candidata a vereadora de um município dos fundões do Ceará. Pela lei, os partidos precisam reservar 30% de suas candidaturas às mulheres. Abandonada pelo partido, a candidata cearense teve nove votos —o dela e mais oito. Nunes Marques discordou da acusação de fraude. Mas fez pose de bonzinho. Pediu "um pouco de empatia" com as coitadinhas que são abandonadas pelos partidos.
Cármen Lúcia foi à jugular do ministro-gorjeta, os 10% de Bolsonaro: "Não precisamos de empatia, precisamos de respeito. [...] Não queremos ser coitadas, queremos ser cidadãs iguais."
Há no Supremo apenas duas mulheres: Cármen e Rosa Weber. Em setembro, Rosa vai embora. No TSE, Cármen Lúcia é a única representante do gênero feminino.
Dias Toffoli pediu transferência para a vaga do agora aposentado Ricardo Lewandowski na Segunda Turma do Supremo. É nessa turma que são julgados os casos remanescentes da Lava Jato. Com isso, Zanin, que defendeu Lula, não teria que julgar os processos movidos pela força-tarefa de Curitiba.
A tabelinha tácita do Planalto com Toffoli leva Zanin à grande área do Supremo. Mas o chapéu que Cármen Lúcia aplicou em Nunes Marques coloca Lula na cara do gol. O presidente faria um golaço se esquecesse Zanin e nomeasse uma mulher para o Supremo.
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