Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Cármen e Moraes julgam Bolsonaro como quem bate pênalti escolhendo o lado
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Após semear muitas ventanias e disparar inúmeros raios que os partam, Bolsonaro colhe nesta sexta-feira sua primeira tempestade no Tribunal Superior Eleitoral. Com o placar adverso de 3 a 1, a apenas um voto da inelegibilidade, o capitão citou uma virada do Vasco sobre o seu Palmeiras no segundo tempo para dizer que ainda esperava por um milagre. "O jogo não acabou ainda", declarou, antes de rogar para que Deus toque o coração de Alexandre de Moraes.
A imagem futebolística não é boa, pois o banimento de Bolsonaro das urnas por oito anos tornou-se jogo jogado. O capitão escalou no seu time Kassio Nunes Marques: "Tenho certeza de que ele será isento e fará o possível para mostrar que eu não tenho culpa." Mas ainda que o ministro "10%" fizesse um gol contra a lógica exposta nos autos, o placar final permaneceria nas mãos de duas togas ofendidas pelo encrencado: Cármen Lúcia, a quem Bolsonaro acusou de usar a toga para favorecer o rival —"Ela faz de tudo para que o Lula seja presidente"— e Alexandre de Moraes, que chamou de "canalha".
O destino foi caprichoso com Bolsonaro. Colocou um ofensor indefeso na marca do pênalti. E escalou dois ofendidos para a cobrança. Chamados por Roberto Jefferson, o heroi da resistência bolsonarista, de Xandão e Cármen-Lúcifer, os julgadores ganharam a aparência de artilheiros que batem pênalti com consciência. À direita ou a esquerda? Com violência ou na malandragem? De bico ou de lado?
Nesse contexto, nem Deus ousaria desviar a bola para cima da trave ou pelas balizas laterais. No futebol, quem erra gol feito é chamado de traidor do clube. No TSE, pode virar traidor da pátria.
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