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No palanque, Lula demora a tirar 'titica' do lábio
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Discursando na cidade paranaense de Foz do Iguaçu para uma plateia de cerca de 2 mil estudantes e militantes do MST, Lula chamou Bolsonaro de "titica". É compreensível a dificuldade para descer do palanque. Suspeita-se que Lula ficará lá pelos três anos e meio que lhe restam de mandato. Sua lábia o conforta e deixa feliz os seus devotos. O que não se entende é que Lula continue levando Bolsonaro aos lábios mesmo depois de o TSE tê-lo banido das urnas por oito anos.
Lula estimulou os jovens que o escutavam a ingressar na política, pois "quando a gente não gosta de política nasce uma titica como o Bolsonaro." Em campanha, empoleirado num caminhão, esse tipo de discurso funciona. No trono de presidente, soa esquisito. Sobretudo quando o orador se esquece de mencionar que, na origem da antipolítica que Bolsonaro surfou, está o antipetismo. Costuma-se atribuir o fenômeno à Lava Jato. Meia verdade. A onda antipetista nasceu no mensalão e desaguou no petrolão. As duas anomalias têm raízes nos primeiros mandatos de Lula.
É bonita a pregação de Lula pelo ingresso dos jovens na política. Mas ele contribuiria para o sucesso da empreitada se ajudasse a melhorar o ambiente. Imagine uma pessoa que se acha vocacionada para a política. Suas intenções são as melhores possíveis. Ralando bastante, consegue uma legenda. Após duas ou três derrotas, talvez chegue ao Congresso. Bêbado de entusiasmo, arregaça as mangas. Alista-se numa comissão e apresenta projetos.
Tratado como calouro, ele começa a aprender com caciques e raposas que deveria tratar como inimigos certas espertezas. De repente, ele passa a ver as mumunhas do inimigo como sagacidade. E passa a confundir meios e fins, como se fossem uma coisa só. Vem daí a conversão da política em excremento de galinha. No terceiro mandato, Lula ainda não fez nada que se pareça com um esforço para mudar essa realidade. Talvez seja melhor desmontar o palanque e retirar "titica" dos lábios.
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