Josias de Souza

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Opinião

Lira proporciona a Lula um reencontro com o passado

Beneficiário direto do surto de produtividade econômica do centrão, Fernando Haddad terá que pagar um pedágio ao fisiologismo. Lula cogita a sério a hipótese de premiar o PP de Arthur Lira com a Caixa Econômica Federal, uma das joias do organograma do Ministério da Fazenda. Em combinação com Ciro Nogueira, presidente do PP, Lira levou ao balcão o nome de Gilberto Occhi. O enredo e os personagens proporcionam a Lula um reencontro com o passado.

PP é a sigla de Partido Progressista —ou simplesmente Progressistas. Observado pelo retrovisor, poderia ser chamado de Partido do Petrolão. Nos primeiros mandatos de Lula, foi um dos principais sócios do petismo no saque à Petrobras. Gilberto Occhi é vendido como servidor de carreira da Caixa. De fato, é funcionário aposentado do banco estatal. Mas é reconhecido no mercado da baixa política como apadrinhado de carreira da oligarquia do PP.

Sob Dilma Rousseff, Occhi representou o PP no comando de dois ministérios: Cidades e Desenvolvimento Regional. Demitiu-se às vésperas do impeachment, depois que o partido de Arthur Lira e Ciro Nogueira decidiu trair Dilma. Articulando-se com Michel Temer, herdeiro do trono, o PP trocou uma hipotética lealdade a Dilma por dois ministérios e o comando da Caixa, que foi confiada ao mesmo Gilberto Occhi que o PP oferece agora a Lula. Preposto multiuso, Occhi seria nomeado por Temer mais tarde para o cargo de Ministro da Saúde.

Na gestão Bolsonaro, o PP eliminou intermediários. No comando da Câmara, Athur Lira geria o orçamento secreto, selecionando os parlamentares que plantariam bananeira dentro dos cofres federais. Na Casa Civil da Presidência, Ciro Nogueira manuseava a chave do cofre. Agora, Ciro declara-se "de oposição" enquanto Lira encosta novamente Gilberto Occhi na Caixa. Lula se dá conta de que o futuro pode ser mera meia-sola do passado.

Para sorte de Lula, a última novidade na oposição é que Bolsonaro foi interrogado novamente pela Polícia Federal, dessa vez no inquérito sobre um plano tabajara urdido com o agora presidiário Daniel Silveira para grampear uma conversa do senador Marcos do Val com o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.

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