Boulos foi melhor, mas não fez do favorito Nunes um azarão
Guilherme Boulos foi melhor que Ricardo Nunes no último debate. Não conseguiu, porém, vencer a guilhotina do tempo. Cuidou bem dos minutos. Mas as horas ainda passam. À beira da urna, Boulos precisaria parar o relógio para permitir que chegasse antes da eleição a intersecção das retas que apontam a sua lenta subida e o tímido recuo do adversário nas pesquisas.
Na Globo, não bastava a Boulos o bom desempenho. Precisava provocar no rival um apagão semelhante ao que tirou Joe Biden da corrida presidencial americana. Chamado de fraco e corrupto, Nunes atrapalhou-se com os papeis. Levou um pito do mediador ao consultar o celular. Nem por isso deixou de executar as encomendas que recebeu de sua marquetagem.
O prefeito apertou todos os botões do painel de radicalismos do seu antagonista: aborto, descriminalização das drogas, invasão da Fiesp, desmilitarização da polícia, leniência com criminosos... Boulos descobriu que uma das grandes desvantagens de um candidato que não tem tempo é o tempo que se perde para esmiuçar as nuances de cada posição ideológica distorcida.
Nunes e Boulos torpedearam um ao outro por razões distintas. O prefeito precisa evitar que a evasão de votos fuja da margem de erro das pesquisas. Ao desafiante não interessa senão virar votos em ritmo alucinante.
Embora tenha se saído melhor, Boulos não fez do favorito Nunes um azarão. As pesquisas deste sábado devem potencializar a percepção de que ainda não foi inventada uma bala de prata capaz de derrubar a poucas horas da eleição a rejeição da maioria absoluta do eleitorado.
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