Josias de Souza

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Opinião

Trump trata Lula como Milei, e Bolsonaro sofre curto-circuito

O tarifaço dos Estados Unidos impôs ao mundo uma conjuntura de alta voltagem. Num ambiente eletrificado pela perspectiva de uma guerra comercial sem precedentes, o Brasil sofreu o menor choque. Foi atingido com a alíquota mínima de 10%. A mesma que a Casa Branca impôs à Argentina do queridinho Javier Milei. O bolsonarismo ficou desencapado.

Em curto-circuito, Bolsonaro xingou a si mesmo para puxar o saco de Trump nas redes sociais: "A única resposta razoável à tarifação recíproca dos Estados Unidos é o governo Lula extinguir a mentalidade socialista que impõe grandes tarifas aos produtos americanos...", postou. Como as tarifas atuais são as mesmas que vigoraram na gestão anterior, o mito grudou na própria testa a pecha que mais abomina: "Socialista."

Horas depois, a obstrução pró-anistia sofreu uma pane na Câmara. A barricada que o bolsonarismo ergueu no plenário para forçar o avanço da proposta que perdoa o golpismo foi atropelada pela aprovação da lei de reciprocidade. A exemplo do que ocorrera na véspera no Senado, o texto passou em votação simbólica, sem contestações. Autoriza uma retaliação que Lula talvez prefira evitar.

A atmosfera faiscante eletrocutou o cérebro dos bolsonaristas mais radicais. O deputado Gustavo Gayer, por exemplo, escalou a tribuna da Câmara para sustentar a fantasia segundo a qual Trump incluiu o Brasil entre os países que sofreram a tarifa mínima de 10% porque Eduardo Bolsonaro "está lá nos Estados Unidos agora, lutando pelo Brasil." Batizado por Trump de "Dia da Libertação", o 2 de abril aprisionou o bolsonarismo dentro do seu próprio delírio.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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