Josias de Souza

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Opinião

Bolsonaro vale mais preso do que solto para seara da direita

Colecionador de derrotas nas eleições municipais do Brasil, Bolsonaro sentiu-se aliviado com a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos. Enxergou no êxito do seu mito a ilusória perspectiva de ressurreição política. Negacionista por vocação, passou a negar a óbvia divisão da direita brasileira. Autoproclamou-se líder de um conservadorismo que, embora fortalecido pelas urnas de 2024, já não se confunde com bolsonarismo. E pôs-se a fustigar lideranças emergentes como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Instado a comentar declaração do prefeito reeleito de São Paulo, Ricardo Nunes, que classificou Tarcísio como "líder maior", com potencial para disputar o Planalto em 2026, Bolsonaro circunscreveu o prestígio do governador às fronteiras de São Paulo: "É um grande líder no estado, verdade... Ninguém vai me provocar". Confrontada com uma declaração do presidente do seu partido, o PL, a declaração do capitão vale para as forças da direita apenas até certo ponto. O ponto de interrogação.

Em entrevista ao UOL, Valdemar declarou nesta semana que a popularidade de Bolsonaro explodiria se o Supremo Tribunal Federal o enviasse à prisão ao julgar os inquéritos que o assediam, entre eles o que apura a tentativa de golpe de Estado. "Ele vai para 60%", apostou o chefe do PL.

Livre, Bolsonaro foi vencido por Lula em 2022. No pleito municipal de 2024, brigou com aliados de direita e colecionou derrotas nos municípios onde que fez o papel de cabo eleitoral. Encarcerado, viraria, a prevalecer a tese de Valdemar, uma espécie de Cabo Canaveral. Lançaria presidenciáveis como os Estados Unidos lançam foguetes.

Nas palavras de Valdemar, "se for preso, Bolsonaro elege um poste de dentro da cadeia". O mandachuva do PL talvez não tenha notado. Mas acabou admitindo que Bolsonaro prestaria melhores serviços ao conservadorismo nacional atrás das grades. Primeiro porque liberaria a direita para debater um Plano B. Segundo porque agregaria o que lhe resta de prestígio à construção de um projeto político conservador que não excluísse a centro-direita, vitoriosa nas urnas municipais.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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