Josias de Souza

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Bolsonaro fala em 'pacificação'! E Xandão: 'Com anistia, nãããão!

Francisco Wanderley Luiz, o homem que se explodiu na frente do Supremo Tribunal Federal e detonou o próprio carro num estacionamento da Câmara, provocou um inusitado debate entre Bolsonaro e seu algoz Alexandre de Moraes. Os dois falaram em ambientes separados. O capitão, nas redes sociais. Xandão, num discurso para procuradores da República. Embora distantes, pareciam duelar um com o outro, como se estivessem frente a frente.

Bolsonaro levou ao ar uma postagem ex-Bolsonaro: "Apelo a todas as correntes políticas e aos líderes das instituições nacionais para que, neste momento de tragédia, deem os passos necessários para avançar na pacificação nacional." Xandão evocou o inquérito que apura os crimes do alto-comando da trama golpista: "Não há possibilidade de pacificação com anistia dos criminosos."

Na visão de Bolsonaro, o que houve na Praça dos Três Poderes foi "um fato isolado", provocado por "perturbações na saúde mental da pessoa que, infelizmente, acabou falecendo." E Xandão: "Não é um fato isolado." A coisa está conectada com o quebra-quebra do 8 de janeiro, num "contexto que se iniciou lá atrás, no famoso gabinete do ódio." "Pessoas foram instigadas a agredir", disse o ministro.

Para Bolsonaro, "já passou da hora de o Brasil voltar a cultivar um ambiente adequado para que as diferentes ideias possam se confrontar pacificamente, e que a força dos argumentos valha mais do que o argumento da força." Xandão parece preferir que a força do direito prevaleça sobre o direito da força. Informou que "a Polícia Federal está em via de conclusão do inquérito dos autores intelectuais" da tentativa de golpe. Anteviu que está chegando a hora "da resposabilização total de todos aqueles que atentaram contra a democracia."

O duelo entre Bolsonaro e Alexandre de Moraes antecipa as duas consequências práticas das explosões que estremeceram a conjuntura política na noite de quarta-feira: 1) A proposta de anistia dos condenados do 8 de janeiro descerá à sepultura junto com o homem-bomba; 2) Bolsonaro e seus cúmplices ficaram mais próximos de um encontro com incontornáveis sentenças condenatórias.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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