Convém vigiar, pois Bolsonaro tem plano de fuga desde 2021
A Polícia Federal capturou no laptop do delator Mauro Cid um plano de fuga de Bolsonaro. Criado em março de 2021, foi exposto no inquérito da Polícia Federal sobre a trama do golpe. Esboçava um cenário em que ataques do capitão ao Poder Judiciário produziriam uma ruptura institucional. Consumada a fratura, Bolsonaro se recusaria a cumprir ordens do Supremo Tribunal Federal. Faltando-lhe apoio das Forças Armadas para resistir contra eventual mandado de prisão, cooptaria militares para protegê-lo e conduzi-lo ao exterior.
O modelo de fuga elaborado para Bolsonaro é chamado de RAFE-LAFE. Na língua do Exército, RAFE é a sigla de Rede de Auxílio à Fuga e Evasão. LAFE contém as iniciais de Linha de Auxílio à Fuga e Evasão. A despeito dos petardos disparados por Bolsonaro contra o Judiciário, o Apocalipse institucional não veio em 2021. Segundo a Polícia Federal, "o plano de fuga foi adaptado e utilizado no final do ano de 2022, quando a organização criminosa não obteve êxito na consumação do golpe de Estado".
Bolsonaro voou para a Flórida às vésperas da posse de Lula. Alegou-se que não queria passar a faixa presidencial ao sucessor. Para a PF, o motivo foi ainda mais subalterno. Como não obteve o apoio que desejava nas Forças Armadas para virar a mesa, fugiu. Deu no pé, segundo a PF, "para evitar uma possível prisão e aguardar o desfecho dos atos golpistas do dia 08 de janeiro de 2023."
Em terra plana de cego, bolsonarista que tem um olho jamais dirá que Bolsonaro está nu. No mundo convencional, porém, a suspensão do sigilo do inquérito sobre a trama do golpe deixou esfarrapada qualquer desculpa fabricada pelo capitão para revestir as suas culpas. Até aqui, Bolsonaro livrou-se de uma prisão preventiva. Foi poupado mesmo quando escondeu seu medo da cadeia na Embaixada da Hungria. Convém vigiar. Está entendido que, em situações de perigo, o capitão pensa com as pernas.
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