Após tornar Bolsonaro réu, STF se equipa para impedir a anistia
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Bolsonaro revisou com aliados seu planejamento de guerra. Moído pela unanimidade da Primeira Turma do Supremo, que o transformou em candidato à cadeia por ter tentado dar um golpe de Estado para abolir a democracia pela força, o capitão decidiu priorizar a trincheira política. Seu objetivo número um é a anistia. Atentos aos sinais de fumaça, ministros da Suprema Corte se equipam para apagar o fogo do réu.
Em privado, Alexandre de Moraes repete dois bordões. "Quem admite anistia ou não é a Constituição Federal", ele afirma. "E quem interpreta a Constituição é o Supremo Tribunal Federal", acrescenta. A coluna ouviu dois ministros supremos. Sustentam que uma lei para perdoar condenados por crimes contra a democracia seria declarada inconstitucional. Estima-se até o placar: 9 a 2. Ficariam vencidos Nunes Marques e André Mendonça.
Bolsonaro foi avisado pelos advogados que a condenação pode sair em seis meses. Correndo contra o relógio, encadeou seus objetivos. Para corrigir o fiasco de Copacabana, quer encher a Paulista em 6 de abril. O novo ato está conectado à linha de montagem do Supremo, que marcou para os dias 8 e 9 de abril o julgamento da denúncia contra o núcleo tático da trama golpista. Inclui 11 militares e um policial federal.
Na prancheta de Bolsonaro, a hipotética pressão da rua ganhará as redes sociais, dividirá o noticiário e constrangerá a Câmara, forçando seu presidente, Hugo Motta, a pautar a votação do projeto de anistia. O réu cogita também encomendar estudo sobre as chances de reversão da inelegibilidade que lhe foi imposta pela Justiça Eleitoral. De resto, é estimulado por aliados a considerar, no limite, a hipótese de apoiar antes do Natal um presidenciável que se disponha a conceder-lhe um indulto.
A estratégia de Bolsonaro subestima as dificuldades. Inseridos na comitiva de Lula ao Japão, os chefes e ex-chefes do Congresso parecem ter outras prioridades. Assim como a anistia, a recuperação dos direitos políticos e um eventual indulto também seriam submetidos ao filtro do Supremo. Ali, ainda está fresca na memória das togas a decisão judicial que derrubou, por inconstitucional, o indulto que Bolsonaro concedeu ao condenado Daniel Silveira.
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