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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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PF liga Pasqualini, "A Mente do Crime", a grandes assaltos em SP e Paraguai

 Francisco Teotônio da Silva Pasqualini, o Véio, 56, é considerado no sistema prisional um dos maiores assaltantes do país - Reprodução
Francisco Teotônio da Silva Pasqualini, o Véio, 56, é considerado no sistema prisional um dos maiores assaltantes do país Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

03/02/2021 04h01

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Não é por acaso que o assaltante Francisco Teotônio da Silva Pasqualini, o Véio, 56, apontado como integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital), é conhecido no sistema prisional paulista como "A Mente do Crime".

Segundo a PF (Polícia Federal), além de ser o mentor do roubo cinematográfico de 734 kg de ouro avaliados em R$ 117 milhões do setor de cargas do aeroporto internacional de Guarulhos (SP), em julho de 2019, Pasqualini havia comandado outra ação milionária dois anos antes, no Paraguai.

Investigações da PF apontaram que o assaltante liderou o assalto à transportadora de valores Prosegur, em Ciudad del Este, em abril de 2017, quando ladrões explodiram a empresa, arrombaram o cofre e levaram US$ 11 milhões.

O MPF (Ministério Público Federal) de Foz do Iguaçu denunciou Pasqualini à Justiça no último dia 11 pelo crime de latrocínio (roubo seguido de morte). Durante a fuga rumo ao oeste do Paraná, os ladrões mataram o policial paraguaio Sabino Ramon Benitez Martinez, 31.

O UOL não conseguiu contato com os advogados de Pasqualini para falar sobre a nova denúncia oferecida contra ele pelo MPF e também sobre as acusações pelo roubo em Guarulhos.

As provas colhidas pelos agentes federais contra Pasqualini no Paraguai são irrefutáveis. Uma toalha deixada em uma casa alugada pelo bando em Ciudad del Este comprovou a participação do "mente do crime" no assalto à empresa de valores. No imóvel locado pelo bando, policiais federais coletaram 185 materiais genéticos e conseguiram encontrar 40 perfis. Os materiais foram individualizados pelos peritos e depois inseridos no Banco Nacional de Perfis Genéticos.

Assalto à seguradora Prosegur, no Paraguai, levou US$ 11 milhões. Polícia Federal achou DNA de Pasqualini em toalha deixada em casa usada pelo bando - Reprodução - Reprodução
Assalto à seguradora Prosegur, no Paraguai, levou US$ 11 milhões. Polícia Federal achou DNA de Pasqualini em toalha deixada em casa usada pelo bando
Imagem: Reprodução
DNA apontou também comparsa de Pasqualini

Pasqualini acabou preso em 11 de janeiro de 2020 pela acusação do roubo em Guarulhos, e em agosto autorizou a coleta de seu material genético. O Instituto de Criminalística da Polícia Científica de São Paulo comparou o perfil dele com o material colhido pelos peritos da PF na casa do Paraguai. O resultado foi positivo.

Os exames de DNA comprovaram também a atuação de Marcelo José de Lima, 45, o Febronho, no assalto à Prosegur. Ele foi preso em novembro de 2019 pelo roubo dos 734 kg de ouro. Lima tinha câncer de mama em fase terminal e morreu no ano passado, após ser beneficiado com prisão domiciliar.

Segundo a Polícia Civil, apesar de ter participado de roubos milionários, Pasqualini vivia escondido em um prédio simples, de quatro andares, em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, município onde foi preso.

Investigadores que pediram anonimato disseram ao UOL que com o preso não foi encontrado sequer um grama do ouro roubado em Guarulhos e muito menos uma nota de dólar entre as milhares que foram levadas em malotes da empresa de valores do Paraguai.

Pasqualini está preso na Penitenciária 2 de Mirandópolis (SP). Além de ser conhecido como a "mente do crime", ele também foi apelidado pelos presos de "Professor", por ser considerado pela massa carcerária como um dos maiores assaltantes do Brasil.