Josmar Jozino

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PCC chega aos 30 anos enfrentando novo racha interno, dizem as autoridades

O PCC (Primeiro Comando da Capital) completa hoje 30 anos enfrentando um novo racha. Segundo fontes ouvidas pela coluna, a cúpula da facção criminosa está dividida desde fevereiro de 2018, quando dois líderes da organização foram assassinados no Ceará.

Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, foram mortos a tiros na região metropolitana de Fortaleza. Investigações policiais apontaram que o duplo homicídio foi coordenado por Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho. Ele nega participação no crime.

Fuminho era o braço direito de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado pelo MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) como o número 1 do PCC. Parte da liderança principal da facção criminosa teria perdoado Fuminho pelas mortes, provocando o racha na cúpula da organização.

As fontes ouvidas pela reportagem disseram que Gegê do Mangue e Paca eram sócios no tráfico de drogas de Roberto Soriano, o Tiriça, de Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, de Daniel Vinícius Canônico, o Cego, e de Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho. Os quatro estão em presídios federais.

Ainda segundo as fontes, os nomes desses quatro presos aparecem no topo do organograma do PCC e eles fazem parte da chamada "sintonia final geral" da facção. O grupo estaria revoltado com os assassinatos de Gegê e Paca e inconformado com o perdão concedido a Fuminho.

As fontes acrescentaram que, entre os integrantes da cúpula do PCC, Marcola conta atualmente com o apoio de Cláudio Barbará da Silva, o Barbará, e de Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola, além do próprio Fuminho.

Os dois grupos estão rachados e as autoridades não descartam a possibilidade de uma nova guerra sangrenta na facção — a exemplo do que aconteceu em outubro de 2002, quando a advogada Ana Maria Olivatto, ex-esposa de Marcola, foi assassinada em Guarulhos, região metropolitana de São Paulo.

O racha atual já causou um banho de sangue no Tatuapé, bairro da zona leste de São Paulo, onde Wagner Ferreira da Silva, o Cabelo Duro, acusado de coordenar as mortes de Gegê e Paca a mando de Fuminho, foi assassinado a tiros.

Outros integrantes da facção, sócios de Gegê e Paca no tráfico de drogas e de armas nas ruas, também foram mortos na mesma região. Um deles é Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, e o outro, Cláudio Marcos de Almeida, o Django.

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Mortes decretadas

No final de 2002, após a morte de Ana Olivatto, de José Márcio Felício, o Geleião, e de César Augusto Roriz Silva, o Cesinha, 2 dos 8 fundadores do PCC, criado em 31 de agosto de 1993 na Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté (SP), foram excluídos do grupo.

O primeiro morreu de covid na prisão em maio de 2021 e o segundo foi assassinado na Penitenciária 1 de Avaré em 2006 . Ambos foram acusados de envolvimento na morte da ex-mulher de Marcola e por isso acabaram expulsos e jurados de morte.

Com a exclusão de Geleião e Cesinha do PCC, dizem as autoridades, Marcola assumiu a liderança máxima da organização. Dezenas de criminosos ligados aos dois fundadores foram assassinados nos presídios paulistas e nas ruas. Marcola sempre negou integrar facção criminosa.

As autoridades acreditam que, com esse novo racha, a história pode se repetir e outras mortes podem acontecer. Com base em informes de presos da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, forte reduto do PCC, as fontes afirmam que a massa carcerária está se sentindo abandonada pela facção.

Errata:

o conteúdo foi alterado

  • Diferentemente do informado, Gelião morreu de covid na prisão em maio de 2021 e Cesinha foi assassinado na Penitenciária 1 de Avaré em 2006, e não o contrário. O texto foi corrigido.

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