Pânico em 2006, rebeliões e fugas: 5 vezes em que Marcola afrontou o estado
Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, voltou ao noticiário nesta semana com a prisão de suspeitos de planejar ataques ao senador Sergio Moro (União-PR) e outras autoridades. Segundo o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, as ações seriam como um 'plano B' para resgatar Marcola, líder do PCC (Primeiro Comando da Capital) que está preso em um presídio federal em Brasília.
A ideia inicial era resgatar Marcola "a qualquer custo". Em 2022, uma das tentativas acabou frustrada por uma operação da Polícia Federal. O plano B, que envolvia os ataques a autoridades, começou a ser pensado também no ano passado. O PCC gastou R$ 2,9 milhões para organizar um atentado contra Moro, que envolvia veículos blindados, armas e chácaras na região metropolitana de Curitiba (PR).
No total, Marcola já enviou R$ 60 milhões para integrantes do PCC executarem seu resgate da prisão. O líder do PCC chega a faturar R$ 5 milhões semanais.
Essa não é a primeira história envolvendo Marcola, considerado o chefe máximo do PCC desde 2002, e planos com contornos cinematográficos. Relembre outras vezes em que o criminoso desafiou as autoridades:
1. Rebelião em 2001
O PCC foi criado em 1993, na penitenciária de Taubaté. Marcola estava no local, mas não é considerado um dos fundadores. Ele foi relacionado à organização criminosa pela Polícia Civil de São Paulo somente em 2000.
No ano seguinte, após ser transferido de presídio, o criminoso foi acusado de ser um dos líderes de uma grande rebelião em todo o sistema prisional de São Paulo.
2. Colaboração com a polícia
Em 2002, dois dos fundadores do PCC, Cesinha e Geleião, desejavam promover uma série de atentados contra autoridades e prédios públicos. Uma das ações envolveria colocar uma bomba na sede da Bolsa de Valores de São Paulo.
Marcola era contra a ideia e tinha o desejo de se tornar líder do PCC. Para isso, o criminoso teria colaborado com a polícia, fornecendo números de telefone usados pelos oponentes. Marcola nega que tenha entregado informações às autoridades.
O criminoso tomou o poder da facção em 2002, depois do assassinato de sua mulher, Ana Maria Olivatto, ocorrido no mesmo ano.
3. Assassinato de juiz corregedor
Foi já sob o comando de Marcola que o PCC assassinou o juiz-corregedor Antonio José Machado Dias, que era responsável pelo presídio de Presidente Bernardes. O juiz foi morto a tiros em 14 de março de 2003, após uma emboscada planejada pela organização criminosa.
Um bilhete escrito com destino a Marcola, informando que Dias havia sido morto, indicou o envolvimento do PCC no assassinato.
4. Ataques de 2006
Em 2006 o PCC espalhou pânico pelas ruas de São Paulo em represália ao isolamento de 765 presos da facção na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau. As ações envolveram rebeliões em 74 presídios paulistas e a morte de 59 agentes de segurança. Durante os ataques, o comércio foi fechado, o transporte público ficou paralisado, escolas ficaram sem aulas e houve a determinação de toques de recolher pelo PCC.
Em 2015, depoimento obtido pelo jornal O Estado de S.Paulo mostrou que representantes da cúpula do governo estadual fizeram um acordo com Marcola para o fim dos ataques.
Segundo o delegado José Luiz Ramos Cavalcanti, a reunião ocorreu dentro do presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes. Tendo a advogada Iracema Vasciaveo como intermediária, Marcola aceitou falar com chefes da organização criminosa que coordenavam os ataques, dizendo que estava bem, não havia sido torturado por policiais e que os presos amotinados tampouco seriam agredidos.
5. Transferências de presídios e planos de fuga
Preso pela primeira vez em 1986, o criminoso conseguiu fugir da cadeia cinco vezes ainda nos anos 1990. Nos últimos anos, Marcola vem sendo transferido de penitenciárias por conta dos seguidos planos de fuga.
Em 2014, um plano de resgate do líder do PCC foi revelado pelo canal SBT. Segundo a reportagem, a operação envolvia dois helicópteros blindados e um avião. A ideia era levar Marcola e outros três comparsas ao Paraguai. Para executar a ação, integrantes da facção fizeram um curso de pilotagem no Aeroporto do Campo de Marte, em São Paulo.
Em 2018, outro plano frustrado. Uma investigação do Ministério Público do Estado de São Paulo e da Polícia Civil apontou que o PCC estava preparando o resgate de Marcola ao custo de R$ 100 milhões. O plano envolvia a contratação de mercenários (que seriam pagos pelo PCC para cometer crimes) e a compra de armas, granadas e duas aeronaves.
Em fevereiro de 2019, ele deixou São Paulo e foi levado à Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia. Depois, em março, Marcola foi novamente transferido, dessa vez para Brasília. No ano passado, o criminoso voltou a Porto Velho, de onde foi outra vez transferido para a capital federal em janeiro de 2023.
*Com informações de Fabíola Perez, Herculano Barreto Filho, Luís Adorno, Flávio Costa e Aiuri Rebello, do UOL, em São Paulo.
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