Josmar Jozino

Josmar Jozino

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

SP: PM matou 33 suspeitos em 12 h em maio de 2006 em reação a ataque do PCC

Foi manchete nos principais jornais do Brasil. Em apenas 12 horas, entre a noite de 15 de maio e a manhã de 16 de maio de 2006, a Polícia Militar matou no estado de São Paulo 33 civis suspeitos de integrar o PCC (Primeiro Comando da Capital). Era guerra entre a facção e as forças de segurança.

As mortes dos suspeitos foram em reação aos atentados do PCC contra agentes e prédios públicos, segundo o governador da época, Cláudio Lembo (PFL), e o então comandante-geral da Polícia Militar, coronel Elizeu Eclair Teixeira Borges.

Os ataques tiveram início no dia 12 de maio, quando 765 integrantes da facção criminosa foram transferidos para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no oeste do estado, e ficaram sem visitas no Dia das Mães. O PCC reagiu ao isolamento dos faccionados e começou a matar policiais.

Nos quatro primeiros dias, 71 suspeitos foram mortos em ações policiais. No mesmo período, o PCC matou 44 agentes públicos, sendo 23 PMs, seis policiais civis, oito agentes penitenciários, três guardas municipais e outras quatro pessoas ligadas às áreas de segurança.

Os atentados se estenderam de 12 a 20 de maio de 2006. O episódio ficou conhecido mundialmente como os "Crimes de Maio". No total, morreram 505 civis e 59 agentes públicos. Segundo entidades internacionais de direitos humanos, foi a retaliação policial mais sangrenta da história do Brasil.

O Ministério Público de São Paulo também definiu a matança como "a retaliação mais sangrenta do período democrático brasileiro" e pediu indenização de R$ 174 milhões às famílias dos 505 civis e 59 agentes mortos, como informou esta coluna em 13 de maio de 2021.

PM matou mais em 12 horas do que em 40 dias de operação Escudo

Durante o ataque de maio de 2006, as folgas e férias de todos os policiais militares e civis com atuações na linha de frente foram suspensas por determinação do governo estadual. Os efetivos das duas corporações foram escalados para trabalhar.

As 33 mortes de suspeitos registradas em apenas 12 horas em São Paulo representam mais da metade dos 56 mortos pela Polícia Militar em 105 dias neste ano, em supostos casos de confrontos registrados na Baixada Santista, durante a operação Verão, encerrada na segunda-feira (1º).

Continua após a publicidade

O número de suspeitos mortos em 12 horas no estado de São Paulo em maio de 2006 também superou as 28 mortes computadas em 40 dias no ano passado, na Baixada Santista, durante a Operação Escudo, comandada pela PM.

A operação Verão na Baixada Santista foi intensificada após o assassinato do soldado Samuel Wesley Cosmo, 34, da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), morto a tiros em 2 de fevereiro deste ano, durante patrulhamento em Santos.

Já a operação Escudo foi reforçada depois da morte do soldado Patrick Bastos Reis, 30, também da Rota, em 27 de julho do ano passado. Assim como o colega de farda Cosmo, o agente da tropa de elite da Polícia Militar foi assassinado durante patrulhamento ostensivo. O crime aconteceu no Guarujá.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

Só para assinantes